(Imagem do Facebook da autoria de Bia Ferreira)
Esta e outras imagens semelhantes circulam nas
redes sociais. Trata-se de uma fotografia tirada ontem dia 25 na fachada da
prisão de Évora, na qual se encontra encarcerado há 61 dias, sem condenação,
sem julgamento ou sequer acusação formal, o cidadão José Sócrates Pinto de
Sousa. Um punhado de amigos deslocou-se àquela cidade para expressar a sua
revolta pela situação inédita, muito provavelmente ilegal, em que o Estado
Português mantém o seu amigo.
Pode gostar-se, ou odiar-se Sócrates. Pode acreditar-se ou
desacreditar-se na sua inocência. Pode até gostar-se ou não gostar de o ver em
tal situação. O que não se pode é ter um cidadão - tenha ele sido ou seja primeiro
ministro, gestor, calceteiro, ou pedinte – preso em tal estado de humilhação social,
comunicacional e politica, como se de um “serial killer” (assassino em série) da
pior espécie se tratasse e já tivesse sido condenado em todas as instâncias da
justiça ao isolamento, à solitário ou mesmo ao degredo.
Mas não, está preso apenas porque um qualquer ser intocável
na abandalhada máquina da justiça - alguém que sabe muito bem que pode fazer,
impunemente, o que está a fazer -
decidiu estás preso porque eu quero, e porque eu quero vou utilizar o velho estratagema
da acusação pífia de corrupção, de branqueamento de capitais, de participação
em negócio , da complexidade do processo, do perigo de fuga e mais umas artimanhas
que os políticos colocaram na Lei (não esquecer que as Leis são feitas e
aprovadas pelos políticos na Assembleia da República) para o manter “sob
controlo e a piar fino” uns bons pares de anos. Sim, porque daqui à condenação de facto (veja-se o exemplo de Carlos Cruz) é uma questão de ir cozinhando o processo em lume brando. Na praça pública já está irremediavelmente condenado.
Até ver e para dar mais credibilidade à coisa passa-se para os jornais de sarjeta meia dúzia
de frases bombásticas como “malas de dinheiro” (que depois se transformam em
envelopes), “Depósito de 23 milhões (que depois se transformam em 50 mil) “propriedades
em paris” (que depois se transformam em alugadas) e assim por diante. De
concreto zero. E os pasquins a soldo se encarregam de divulgar baseados em “fontes
do processo…”, “segundo o jornal X…” “consta que…” “ parece que….” segundo
fontes não identificas….”. Etc e tal.
Muito mal vai um país e a sua justiça quando assim trata os
seus cidadãos, chamem-se eles Sócrates, Cavacos, Coelhos, Costas, Jerónimos, Anas,
Agapitos ou Assobios, porque num país assim a Liberdade está fortemente condicionada
por conluio entre dois dos seu poderes fáticos, o Quinto Poder e o Poder Judicial,
poder este que se deixou aprisionar pelo Poder Politico, que se esqueceu
de um pormenor que não é de somenos importância: - Ainda não aniquilou nem
aprisionou a força do voto de todo um Povo e tivemos disso ontem um bom exemplo.
É por tudo isto que aquela imagem de Évora vai ficar na
história (não tenhamos disso qualquer dúvida) como a imagem de um período bem negro do pós 25 de Abril, em qualquer das dimensões que queiramos analisar –
politica, social, laboral, judicial, educacional ou informacional. Bem podem os
Tavares, as Cabritas, as Manuelas, as Judites, os Saraivas, os Fernandes e
quejandos, colocar as suas crónicas e investigações de motel a destilar
ódio sobre o papel que nos vão debitando diariamente com as suas juras, que não
fundamentam com provas, que a História nos fará o favor de os colocar no esgoto da pior trampa da década a fazerem companhia aos "cowboys justiceiros" e aos políticos incompetentes. Nós comuns mortais, talvez sobrevivamos. Talvez.