(Imagem da Internet)
A saga da prisão do Engº José Sócrates começou, é preciso
recordar, há nove meses com uma, ampla e intencionalmente divulgada, comunicação da CGD ao Banco de
Portugal, relativa uma alegada exportação ilícita de capitais, comunicação que, por
sua vez o BP terá feito chegar ao Ministério Público. Isto foi o que passou para os
jornais e TV´s.
Desta “pista” nunca mais se ouviu falar, melhor, nunca mais se viu escrever.
Esfumou-se.
A coisa enrolou-se, mas para manter acesa a chama, saltou
para um hipotético apartamento de luxo que Sócrates teria adquirido em Paris
por uns milhões. Uma pipa de massa dizia-se. Afinal veio a saber-se que o
apartamento nem era de luxo, nem era dele. Era alugado, como qualquer comum
mortal faria para poder viver em Paris. Mais uma pista silenciada.
A seguir veio a cena das malas de dinheiro a saírem de
Portugal transportadas pelo motorista de Sócrates. A coisa foi desmontada com
facilidade, as malas transformaram-se em envelopes e os envelopes
transformaram-se em fumo. Mais uma pista que deu em nada.
Mas como isto do dinheiro é filão que alimenta o ego da populaça, e o raio do homem andou um ano a fazer um Mestrado sem trabalhar, havia que divulgar uma pista credível, com contas na Suiça em nome do amigo Carlos Silva, mas que seria apenas um testa de ferro, blá, blá, blá. Azar dos azares a Carta Rogatória pedida ao Ministério Público Helvético rezava que o dinheiro dessas contas é mesmo do Carlos Silva e que o nome ou alusão a Sócrates era uma falácia. Mais um tiro pela colatra e a coisa a complicar-se.
Depois foi o “grande furo jornalistico” da corrupção que
envolvia o Grupo Lena, que para dar credibilidade à coisa teve reportagens no "prime time" das TV´s e até teve prisões, e logo de seguida libertações. Só espalhafato.
Veio a Venezuela. Veio Angola. E como a coisa já estava a
entrar em desespero para o lado dos Cherlock Holmes, viraram a investigação para o
Grupo Espírito Santo e para o Novo Banco. Parece que, também por esses lados, a
coisa deu em nada porque tiveram que abrir uma nova frente de ataque, a do
Empreendimento de Vale de Lobo. E de novo o manto diáfano da fantasia bateu
contra a nudez crua da verdade, e lá partiram para outra cruzada contra o
infiel.
Entretanto o infiel, que recusou andar de grilhetas em casa,
como os condenados às galés, continua enjaulado na prisão de Évora, que é para
ver se se converte a fiel, o que parece estar a ser muito difícil porque aquilo
é bicho danado e está a dar água pela barba aos pides, perdão, aos policias do Estado.
E assim a saltar de nenúfar em nenúfar, a soldadesca lá
virou a atenção da populaça, sempre sedenta de sangue fresco, para o Brasil,
mas ao que parece os brazucas não gostaram da gracinha e começaram a falar em trocas de
favores, com Duartes Limas e quejandos ao barulho, e a coisa esmoreceu e mudou de rumo e as
últimas notícias dos jornais oficiais da investigação davam a coisa como
estacionada no Parque Escolar.
Há por aí muito boa gente e intelectuais de craveira que chamam a todos estes rocambolescos episódios, investigação, mas
eu, depois de processar toda a informação na minha débil cachimónia, e de somar
dois com dois, acho mesmo é que é perseguição.
Arre povo burro que depois deste triste espetáculo da
Justiça de Portugal, ainda bate palmas e grita fogueira com o herege. A Inquisição
não faria melhor.
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