(Imagem da Internet)
Tenho o hábito de me levantar cedo, para chegar também cedo
ao meu local de trabalho, e tomo o pequeno almoço por volta das 7 horas,
sentado e com a televisão ligada para ver os telejornais do inicio do dia.
Vai para dois meses que invariavelmente estas noticias
comportam reportagens de vários pontos da Europa, dando-nos a dura e cruel nota
da incompetência que grassa nesta nossa Europa envelhecida, ferrugenta, caquética
e quase moribunda. Refiro-me à forma e ao conteúdo com que a Europa está a
tratar as hordas de seres humanos que fogem da guerra, da fome e do caos dos
seus países, para acabarem no caos desta Europa desunida, desarticulada e
insensível, governada por imbecis burocratas e tecnocratas, em vez de ser
governada por políticos dignos desse nobre nome.
Perante uma crise humanitária de dimensões ainda incomensuráveis,
só vejo e oiço as autoridades (as europeias, as dos países e as locais) a
clamarem por controlo, pelo fecho de fronteiras, a erguer muros e barreiras, em
vez de clamarem por ajuda, por apoio, por acolhimento. Em vez de tratarem os
refugiados como aquilo que eles são, refugiados, tratam-nos como invasores.
Grande parte dos países Europeus, Portugal na linha da
frente, trataram de derrubar os governos dos países de origem destes
desgraçados. Governos que, sendo tiranos e ditadores, tratavam apesar de tudo,
de manter o seus países em paz e os seus povos com um razoável nível de vida,
alguns deles muito próximo dos ditos ocidentais. Pois a Europa, os EUA e a Rússia,
trataram de por tudo a ferro e fogo, provocando esta debandada à qual agora
fecham literalmente as portas. Os EUA estão surdos e mudos, a Rússia nem sabe
de que se trata, e a Europa é o que se vê.
Ontem vieram-me as lágrimas ao olhos ao ver umas largas
centenas de homens, mulheres e crianças, algumas de colo, a deslocarem-se a pé,
debaixo de chuva, em caminhos de lama, calçadas com chinelos e alguns
descalços, sob temperaturas já muito baixas (a avaliar pela forma como o repórter
estava vestido) e imagine-se o caricato contraste, eram enquadradas pela
frente, pelos lados e retaguarda, por policias fortemente armados e dentro de
fardas anti motim que mais pareciam cibernéticos robots articulados.
Desesperei, porque isto não pode ser a Europa que eu defendo
e muito menos a Europa que os seus mentores idealizaram quando se abalançaram
neste projeto. Isto é uma Europa acéfala, uma Europa com pés de barro, uma
Europa atolada em burocracia, e em burocratas principescamente pagos, absolutamente
incapaz de reagir.
Isto é simplesmente uma vergonha.
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