(Imagem da Internet)
Desiluda-se quem pensa que, ao fim de dois anos e meio de martírio
infligido ao seu Povo por um governo de alucinados, já passámos por todas as
provações. Não passámos, e o pior mesmo, é que o pior ainda vem a caminho.
Quer venha a ser pela desastrosa necessidade de termos que sair
do Euro, quer venha a ser pela imperiosa obrigação de nele continuarmos,
avizinham-se, como epílogo deste pesadelo que nos tocou em sorte, tempos trágicos,
e não é preciso ser profeta para poder chegar a esta conclusão, senão vejamos:
- O Governo do PSD/CDS, obreiro de um (brutal) agravamento do
estado de penúria em que já estava o país quando subiu ao poder em 2011, e que, ao
contrário do que apregoou nas eleições, se limitou, em dois anos e meio que
leva de governação (mais de meio mandato) a gerir um desastre fazendo orçamentos irrealistas, e depois retificativos que nada retificaram, não
acertou uma única previsão de todas as que fez e agravou todos os indicadores económicos e sociais da penúria
de 2011, mês após mês até agora. E agora, para rematar com chave de
ouro, construiu o Orçamento do Estado (OE) para 2014 tendo por único objetivo generalizar o confronto na sociedade portuguesa.
Desde logo o seu próprio confronto com o Tribunal
Constitucional (TC) que não vai deixar passar grande parte das medidas
previstas no OE, e o Governo sabe-o e está consciente disso. O que é pretendido é
outra coisa bem mais sofisticada que o chumbo do TC, pretende-se o confronto
entre o Setor Público e o Setor Privado, dividindo para daí tirar dividendos em favor dos que na sombra manobram os cordelinhos destas marionetas,
aliás tal como já o fez com o conflito intergeracional que instalou e está agora a fazer com as diferenças salariais colocando os de menores salários contra os que possuem salários maiores (caso do comunicado de hoje do MF).
Com o chumbo certo do TC, pode o Governo argumentar, como já
fez com a TSU, que até queriam cortar na despesa do Estado, mas os malandros dos Juízes do
TC são reacionários e constituem uma “força de bloqueio” (este termo foi
usado esta semana pelo representante da Comissão Europeia em Portugal, num relatório que enviou para Bruxelas). Fica
assim o caminho aberto para a medida alternativa mais fácil que, ilusoriamente, o Governo acha que lhes garante
dinheiro em caixa: - Novo, brutal e
generalizado aumento de impostos.
Este cenário é o que temos de mais certo e trará com ele uma
tragédia, da qual enumero alguns dos constrangimentos com que seremos confrontados e as suas consequências:
- Já não haverá mais anéis para vender porque já foram todos
ao desbarato, faltarão talvez os transportes e a água (até a água vai);
- Já não haverá mais receitas extraordinárias para inventar a não ser que comecem a vender os cidadãos como escravos;
- Com mais um aumento generalizado de impostos, o consumo
interno retrai-se ainda mais, o investimento cessa, e o desemprego agrava-se;
- Todos os indicadores económicos e sociais se degradam
ainda mais e
- A Economia colapsa.
- Instalado o caos, haverá depois que encontrar bodes expiatórios para lhes
assacar as culpas, e enquanto o Povo se digladia no jogo do passa culpas, os
meios de produção mudam de mãos, o Povo fica ainda mais miserável e completamente vulnerável
para aceitar todas as migalhas que, por compaixão, lhe sejam atiradas (mais do que uma teoria tem sido esta a pratica do atual Governo)
Perante este, bastante provável, cenário o País só terá duas
opções:
- Entra numa depressão (vêr este post), e a bancarrota é o
caminho certo, ou;
- Pede um 2º resgate. Tenha ele a forma jurídica e politica
que lhe queiram dar, tratar-se à de pedir mais dinheiro, a juros de usura, aos
agiotas que já nos sugaram.
Em qualquer dos casos o Povo vai ficar sujeito a uma
austeridade perpétua, a não ser que o país encare seriamente uma saída controlada do Euro, também ela dramática,
mas, ainda assim, com consequências limitadas no tempo. Abordarei este tema num próximo post.
Perguntarão alguns, perante esta apocalíptica antevisão:
“mas que diabo de elementos tem este aprendiz de feiticeiro que nós não temos para
o levar a equacionar este cenário dantesco?” A resposta é simples e está no OE
de 2014, já acima referido, que pode ser consultado neste link (“Relatório
do OE2014”) e que resumo assim: - A via dos impostos está exaurida, a via dos cortes sobre cortes dará mais recessão sobre recessão e as alternativas, que é ir ao bolso daqueles que lucraram (lucraram!, será o termo correto? ) milhares de milhões e continuam a lucrar, o Governo nem as aborda, são intocáveis. Para pior já não basta assim, tem que ficar mais pior ainda para que aquele que pode "dar a volta a isto", o Povo, entenda que não pode assistir impávido a uma execução coletiva.
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