Quando, há cerca de ano e meio, o Sócrates disse numa
conferência em Paris que “… as dívidas dos países não são para pagar, mas sim
para gerir…”, por cá os partidos do Governo e os seus aliados à esquerda,
rasgaram as vestes na praça pública de tão indignados que ficaram. Heresia,
fogueira com ele, gritavam uns, prenda-se o homem gritavam outros atiçados pelo
Secretário Geral da JSD.
Acontece que, geralmente, as pessoas possuem memória curta e
agora passados poucos meses dessa “indignação de falsas virtudes” o Governo do
PSD/CDS se confrontou com “um probleminha”: - Nos próximos dois anos iam
vencer-se (atingiam a “maturity”), nada mais nada menos do que quase 27 mil milhões de Euros em Dívida Publica
Portuguesa, representada por Obrigações do Tesouro (OT´s) e por Bilhetes do
Tesouro (BT´s). Mais concretamente 13,475 mil milhões em 2014 e 13,406 mil
milhões em 2015.
Pois bem, o que fizeram então os nosso ilustríssimos e
seriíssimos governantes que chamaram “charlatão” ao Sócrates? Trataram de seguir a teoria do homem,
“gerir a dívida”. Montaram uma Operação de Troca de Dívida, ou seja trocar os títulos
representativos de parte dessa dívida por outros com vencimento respetivamente
em 2017 e 2018. O montante “trocado” não foi de desprezar uma vez que montou a
6,6 mil milhões (2,4 mil milhões que se venciam em 2014 e quase 4,2 mil milhões
que se venciam em 2015). Nada mais nada menos do que empurraram a dívida com a
barriga mais três anos (para 2017 e 2018) para a somarem à que se irá vencer
nesses anos e quem vier atrás que feche a porta, ou seja: adiaram a evidência
do fracasso e mascararam o desastre que está a ser o “Programa de Ajustamento” uma vez que não iam ter qualquer possibilidade de liquidar estes valores nos próximos dois anos, como os que estiverem no Governo em 2017 e 2108 não terão. O desastre acabará por ocorrer.
Mas esta operação não se fica pela encenação de um passe de mágica que o Governo classifica como "êxito total" (!!!) e "início do regresso aos mercados" (???),
é que ela não injetou um cêntimo no capital circulante do país (não houve
investidores estrangeiros envolvidos) e aqui é que está a grande falácia da propagandeada operação; A operação foi acertada com os Bancos
nacionais e com o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, tutelado
pelo Ministro da Lambreta (o tal Instituto que gere os nossos descontos para a SS e assegura o pagamento as nossas reformas e
que o Governo diz que está na falência !!!) e foram estas entidades que ficaram com
a dívida, ainda por cima quase ao dobro da taxa de juro que os títulos trocados
tinham.
Nada como o tempo para separar o trigo do joio e nos revelar
a verdade que a bruma da proximidade ofusca.
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