(Imagem retirada da Internet)
Sempre que a turbulência se
instala num país, se apodera de uma moeda forte ou uma bolsa de referência se revela
instável, o Ouro (ouro em barra e de pureza 99,99%) tem sido uma opção de
refúgio para os investidores, e, seguindo a lei da oferta e da procura, sempre
que a procura de ouro aumenta, o seu preço aumenta também.
Para os investidores
particulares o ouro é comercializado em pequenas barras de onça troy (31,103
gramas) e mais recentemente também em barras de gramas, desde 1 grama a 1
quilograma.
Para os investidores institucionais,
p. ex. estados e instituições financeiras, o ouro é comercializado em lingotes de 400 onças troy, quase
12,5 Kg.
Ora é destes lingotes que
Portugal possui uma das maiores reservas do Mundo de ouro em barra. Estamos em
14º lugar com 382 toneladas o que à cotação atual da onça equivalem a cerca de
15,5 mil milhões de Euros.
Porém atualmente a nossa
reserva é já menos de metade do era em 25 de Abril de 1974 que ascendia a 865
toneladas. Desde então os Governos, através do Banco de Portugal, têm procedido a vendas, com vários
objetivos, mas quase sempre para equilibrar as Contas do Estado.
Ora acontece que no início da
década de 90 ocorreu um episódio rocambolesco com uma parte das reservas de
ouro do Estado Português à guarda do Banco de Portugal, episódio de que poucos
tivémos conhecimento, e que envolveu o Primeiro Ministro e o
Governador do Banco de Portugal de então, episódio que se pode resumir assim:
O Primeiro-Ministro e o
Governador do Banco de Portugal, resolveram dar uma de garimpeiros e jogar ao
poker com o ouro do país e vai daí, "depositaram" (mesmo fisicamente) 17 toneladas do dito ouro num sonho
de lucros fáceis, prometidos por um especulador Americano de nome Michael R
Milken, Presidente Executivo de uma empresa chamada Drexel Trading, uma subsidiária
da Drexel Burnham Lambert, em Nova York, que atuava no mercado mundial ao estio da Dª
Branca portuguesa.
Desse "investimento" de
cerca de 685 Milhões de Euros à cotação atual, resultou um desastre financeiro e Portugal só conseguiu reaver uma
pequena parcela, já com o Mr. M Milken atrás das grades, acusado de 98 fraudes
em março de 1989 (ainda antes do envio do ouro português para a Drexel) e
condenado em 1990, pela juíza Kimba M. Wood, a dez anos de prisão, que mais
tarde foram reduzidos para 5 e acabou por cumprir dois anos de prisão efetiva e
mais seis de Serviço Cívico.
O que se recuperou desta
aventura acabou por ser insignificante porque foram os “restos” que sobraram
depois de distribuído o bolo principal dos activos da Drexel pelos credores locais e depois de
abatidos os custos judiciais resultantes de uma ação movida através dos
advogados de Wall Street da firma Cadwalader, Wickersham & Taft em nome do Banco
de Portugal, e que foi a ação judicial mais cara da história de Portugal, quase
20 milhões de Dólares a valores atuais.
Em 9 de Maio de 1990 deu
entrada na Assembleia da Republica Portuguesa o Projeto de Resolução Nº 83/V,
para que os Deputados da Nação fossem esclarecidos sobre este escândalo, ação
que, de acordo com o Regulamento da AR caducou em 3 de Novembro de 1991 porque o PSD nunca viabilizou a sua
discussão, e assim o país ficou quase na ignorância do que efetivamente se
passou.
E agora é que vem a parte
interessante da aventura:
Pois pasme quem não souber ou
não se recordar - o Primeiro-Ministro de
então era o Sr. Prof. Dr. Cavaco Silva e o Governador do Banco de Portugal o
Sr. Dr. Tavares Moreira, que ainda “andam por aí” a dizer que os políticos devem ser
responsabilizados criminalmente pelos seus atos. Pois… eu também acho que sim,
mas sem exceções.
Nunca sabemos da missa, a metade. Mas o que resta do ouro, acredito que ainda acabará por ser incluído no acordo da troika.
ResponderEliminar