(Imagem da Internet)
“Há nos confins da Ibéria um
Povo que não se governa nem se deixa governar”
Esta expressão é atribuída a
Júlio César (Caius Julius Caesar) - (*100 AC; +44 AC) – líder militar e politico
romano, a propósito da resistência que os Lusitanos faziam às
Legiões de Roma que por cá estabeleciam os limites do Império Romano.
O exemplo expoente dessa
bravura terá sido por volta de 19 AC, já depois do assassinato de Júlio César,
a propósito da resistência oferecida pelos Lusitanos às tropas romanas no
Castro do monte Medúlio (atual Serra d´Arga - Alto Minho) cujos defensores, na
eminência de serem derrotados, preferiram suicidar-se coletivamente a ficarem
escravos do exército romano.
Se é lenda ou realidade não
sabemos, mas sabemos de documentos da época que relatam a bravura dos Lusitanos
comandados por Viriato, sendo, por isso, caso para perguntar: - Que diabo se passa na atualidade
com os genes dos descendentes dos Lusitanos? Terão sofrido alguma mutação?
Os nossos antepassados deram
por várias vezes exemplos de extraordinária bravura e inequívoco patriotismo,
revoltando-se contra a subjugação de Portugal e do seu Povo por estrangeiros,
assumisse essa subjugação a forma de invasão, ocupação, colonização, ou usurpação de
soberania.
Apenas cinco exemplos, por
todos conhecidos (*):
1128 – Batalha de São Mamede
– Os Portucalenses, comandados por D. Afonso Henriques de Borgonha desbaratam as
tropas do Conde Galego Fernão Peres de Trava, que se tentava apoderar do
governo do Condado Portucalense através de ligação amorosa com D. Teresa de Leão, mãe de D. Afonso Henriques, depois 1º rei de Portugal;
1384 – Cerco de Lisboa – Na sequência da derrota sofrida
pelos invasores Castelhanos na batalha dos Atoleiros, estes avançam sobre
Lisboa e cercam a cidade durante quase 5 meses. Os Portugueses resistem heroicamente, não se rendem e os Castelhanos
levantaram o cerco. Não fora umas intrigas palacianas não voltariam à carga
em 1385;
1385 – Batalha de Aljubarrota – Um dos acontecimentos mais
decisivos da História de Portugal, em que os Portugueses, comandados por D.
Nuno Álvares Pereira e auxiliados por archeiros inglesas, infligiram uma pesada
derrota aos invasores Castelhanos auxiliados por cavalaria francesa.
Tanto esta batalha como a dos Atoleiros, também comandada
por D. Nuno, surgiram nas sequência do célebre episódio da ligação amorosa da Rainha regente D. Leonor de Teles com o fidalgo Galego João Fernandes Andeiro (o Conde Andeiro) ligação através da qual Portugal estava então na eminência de perder a independência para Castela;
1640 – A Revolta do 1º de Dezembro – Na sequência da morte
do Cardeal Rei D. Henrique, em 1580 Portugal passou a ser governado pelos reis Espanhóis
(Dinastia dos Filipes). Em 1640, cansados do Jugo estrangeiro, um grupo de Conjurados organiza-se, promove a adesão de
D. João, Duque de Bragança, à causa, e dirigem-se ao Paço Real (Paço da Ribeira, local onde após o terramoto de 1755 se ergueu o Terreiro do Paço). Prendem a
Vice-rainha Margarida de Saboia (Duquesa de Mântua) e matam o Secretário de Estado (1º Ministro) Miguel
de Vasconcelos, que era quem efetivamente detinha o poder e governava em nome de
Filipe IV de Espanha. Proclamam D. João rei de Portugal que governou como D. João IV.
Este será porventura o último grande episódio épico e
decisivo da nossa História que culmina com a morte de Miguel de Vasconcelos, que depois de encontrado escondido num armário de arquivo, é morto e atirado pela
Janela do Paço.
1807 a 1811 - Invasões Francesas - Portugal recusa-se a aderir ao Bloqueio Continental imposto aos Ingleses por Napoleão em 1806. Perante a recusa, Napoleão apresenta um ultimato a Portugal para declarar guerra à Inglaterra, o que não acontece devido à aliança (ainda hoje em vigor) celebrada em 1373 entre Portugal e a Inglaterra. É neste contexto que Napoleão, com o apoio dos Castelhanos, decide invadir Portugal. O Rei (D. João VI) foge e transfere a Corte para o Brasil, mantendo assim a Independência. Entretanto os Portugueses, com o auxílio dos Ingleses, resistem com bravura heroica a três invasões sucessivas, derrotando em todas os Franceses que foram postos a correr de volta a casa. Ficaram célebres os feitos heroicos das Batalhas de Roliça, Vimeiro, Buçaco e Torres Vedras.
1807 a 1811 - Invasões Francesas - Portugal recusa-se a aderir ao Bloqueio Continental imposto aos Ingleses por Napoleão em 1806. Perante a recusa, Napoleão apresenta um ultimato a Portugal para declarar guerra à Inglaterra, o que não acontece devido à aliança (ainda hoje em vigor) celebrada em 1373 entre Portugal e a Inglaterra. É neste contexto que Napoleão, com o apoio dos Castelhanos, decide invadir Portugal. O Rei (D. João VI) foge e transfere a Corte para o Brasil, mantendo assim a Independência. Entretanto os Portugueses, com o auxílio dos Ingleses, resistem com bravura heroica a três invasões sucessivas, derrotando em todas os Franceses que foram postos a correr de volta a casa. Ficaram célebres os feitos heroicos das Batalhas de Roliça, Vimeiro, Buçaco e Torres Vedras.
E de 1811 saltemos para a atualidade.
Façamos uma analogia dos acontecimentos de agora com os de
então, e façamos também algumas interrogações a nós próprios:
Será muito diferente das subjugações do passado, a subjugação
a que está a ser agora submetido Portugal? Refém dos “mercados”, essas apócrifas entidades sem
rosto, atado de pés e mãos pelos maquiavélicos planos dos seus credores que, há uma dúzia de anos, começaram por obrigar o país
a gastar o que não tinha em investimentos improdutivos cujos beneficiários financeiros foram eles próprios, de seguida forçaram o país a destruir todo o seu aparelho produtivo porque não tínhamos "dimensão de escala" (!!!), e por último fecharam com chave de ouro obrigando-nos a pedir emprestado, com juros de usura, para pagarmos as consequências
dessas suas ordens originadas na CEE, denominadas "Diretivas Comunitárias".
A resposta é não, não é em nada diferente. É semelhante ou ainda pior do que as subjugações a que fomos sujeitos no passado. Apenas se alterou a
coordenada tempo e se sofisticou o jugo.
E será diferente, a usurpação da soberania a que a Troika nos sujeitou, e à qual alguns políticos traidores, quais Miguéis de Vasconcelos, de espinha curvada, abriram a porta, sorridentes, e deram as boas vindas "atentos, venerandos e obrigados"? Não, não é em nada diferente.
E a suspensão da democracia, rotulada de "emergência nacional", "estado de exceção" e "salvação nacional", patrocinada exatamente pelos Órgãos de Soberania a quem competia defendê-la, será diferente?
Também não é, apenas mudaram os nomes, os atores, o contexto e o tempo.
E os “Migueis de Vasconcelos” que por aí pululam, serão
eles diferentes do traidor que em 1635 foi nomeado 1º Ministro por uma rainha invasora?
Também não. Só não possuem o mesmo nome, mas agora até há
por cá mais, muitos mais, a precisarem
de ser atirados pela janela do Paço, ou postos a correr de cá para fora,
de regresso aos “reinos” que os cá colocaram, os reinos dos Goldman Sachs, FMI, BundesBank, BCE,
JPMorgan, e quejandos.
E, perante esta hecatombe, o que é feito dos Lusitanos descendentes de Viriato, descendentes de D. Afonso Henriques, de D. Nuno Ávares Pereira, dos Conjurados de 1640 e de tantos outros portugueses cuja bravura a História nos legou?
Serão eles também diferentes? Terão desaparecido da Lusitânia, ou
sofreram uma qualquer mutação genética que lhes tolheu a bravura retardou o raciocínio e congelou a audácia?
Também não me parece.
Quando eles se cansarem dos carrascos que, de mansinho, os estão a matar aos poucos e começarem a dar sinais vitais, os
“Miguéis de Vasconcelos” que se apoderaram de Portugal, que se cuidem porque de nada lhes valerá então esconderem-se nos armários do Paço.
(*) - Não refiro o 5 de Outubro de 1910, nem o 25 de Abril de 1974, porque em nenhum deles estava em causa a nossa independência ou a subjugação do país ao estrangeiro, como esteve nos exemplos que refiro, e tal como está nestes anos de breu que vivemos.
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