(Imagem da Internet)
Tenho acompanhado desde longa data o drama que atingiu a Caixa Geral de Depósitos (CGD), desde a sucessiva e desastrosa gestão por incompetentes
comissários políticos dos Partidos, à vez no poder, até à sua descapitalização e
entrada em falência técnica.
Não fora a injeção de capital pelo Estado (leia-se
dos Contribuintes que ainda pagam impostos) e a CGD teria seguido o caminho de
outros importantes Bancos da praça, que foram “resolvidos”. O caminho final teria sido a resolução (leia-se
falência) ou a privatização, e adivinhe-se quem, em qualquer dos casos, sairia a
perder e quem ganharia.
É pois com estupefação que assisto aos acontecimentos
recentes, com a CGD na ordem do dia da direita e da esquerda e o Governo a assistir.
Espanta-me sobretudo que o Governo depois de ter conseguido a maior proeza da
sua ainda curta governação, que foi a condução e consumação sem mácula do processo de recapitalização
da CGD (que o anterior Governo varreu para debaixo do tapete, aliás como fez
com a Banca em geral), se esteja agora, na parte mais fácil, a deixar encaminhar
para um labirinto, sem atinar com uma saída que dê finalmente paz e uma gestão
profissional e capaz à Instituição.
A trapalhada começou com a questão da quantidade de Membros
do Conselho de Administração, passou pela adequação do perfile (que, no caso, não
é o mesmo que competência) de alguns, e está agora na questão da apresentação
das Declarações dos Rendimentos e dos salários dos Gestores empossados. Detenho-me
neste pormenor dos salários. Para quem não sabe, apesar dos valores astronómicos
que estão na discussão, trata-se de uma questão secundária, que apenas está a
servir de arma de arremesso politico (de novo). Se qualquer Instituição, seja
publica ou privada quer uma equipa de gestão profissional e competente para
atingir objetivos, tem que lhe pagar a preços de mercado e não a preços irrealistas
que cada um de nós, consoante os seus conceitos de o que é “muito dinheiro”,
acha que se deve pagar. Recordo aqui a celeuma que se levantou quando o Dr. Paulo
Macedo (o que foi Ministro da Saúde no anterior Governo) foi nomeado pela Ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite, para
Diretor Geral dos Impostos a troco de um salário, salvo erro de 23 mil Euros
mensais. É hoje unanimemente reconhecido por todos que o que ele conseguiu fazer
daquela Direção Geral e o que conseguiu de mais valia para o Estado, valeria bastantes salários de 23 mil Euros. Na
CGD é o mesmo, o que são 40 mil Euros se o objetivo que lhe for fixado for o de
tirar a CGD do prejuízo anual de muitos milhões? Os que contestam, pelas mais
justas causas e com sustentados argumentos, talvez prefiram, ano após ano,
enterrar lá milhões dos impostos de todos.
Para aqueles que julgam, pensam ou acham que esta questão da
CGD é de somenos importâncias, desiludiam-se porque quem no fim, no fim, acaba
por pagar tudo isto somos nós, aqueles que ainda pagam (cada vez mais)
impostos. Seria pois bom que os Domingos, os Costas, as Catarinas, os
Jerónimos, os Coelhos e as Cristas cá do burgo tivessem mais respeito pelo país
que juraram servir e por quem lhes paga os salários (e não só) e se deixassem
de demagogias bacocas. A CGD não é a entidade recomendada para esgrimirem as
suas diferenças politicas; Resolver a situação da CGD é uma questão patriótica
e a solução não passa de certeza pela chicana politica na praça pública.