(O Comportamento do Desemprego é o Resultado de uma premeditada
Transferência de Riqueza dos países pobres para os ricos)
(Clicar no gráfico para ampliar)
Tenho uma especial predileção pelos números e pelos gráficos porque eles valem por mil palavras. E se bem que depois cada um possa fazer deles interpretações muito pessoais, (e às vezes ver até o que não mostram), eles não dão grande margem para teorizações filosóficas baratas, porque números são números e não abstrações.
Desta vez voltei ao site do Eurostat (de consulta livre neste link) e retirei a informação sobre a evolução da taxa de desemprego(*) desde 2003 até 2012 que é o último ano com dados consolidados – taxa que, como sabemos, é uma percentagem que se obtém da divisão do número de desempregados oficiais pela população ativa multiplicando o resultado por 100.
Dos dados disponíveis selecionei os 3 países mais ricos da Europa do Euro e os pobres, apelidados PIIGS, resultando o gráfico acima que demonstra o “desastre” que, desde 2008 ocorre nos países pobres em termos de aumento da taxa de desemprego por contraponto ao decréscimo que ocorre nos países ricos.
Enquanto quatro países (Espanha, Grécia, Portugal e Irlanda) veem o desemprego crescer assustadoramente desde 2008, muito acima da média da Europa do Euro e com a Itália na corda bamba, os três ricos (Finlândia, Alemanha e Noruega) posicionam-se numa situação “boom” económico, o que até corresponde à realidade. Preste-se uma especial atenção à situação da Alemanha em 2005 (o tal ano que não cumpriu o deficit orçamental de 3% e que por isso suspendeu a aplicação da Norma Europeia que agora está a aplicar a mata cavalos a todos) e à sua situação na atualidade. O desemprego nestes 3 países diminuiu porque se trabalham mais horas? Porque há maior produtividade? Porque são melhores gestores? Não. Se fosse isso então em 2005 não seriam os campeões do desemprego.
O que de facto se passa é uma transferência pura e dura de riqueza dos países em dificuldades (ou aos quais criaram propositadamente dificuldades) para os países ricos que aumentam as exportações, aumentam o consumo interno e consequentemente aumentam a produção e precisam por isso de mais mão de obra, de preferência embaratecida pela necessidade, para produzir mais e mais barato.
Atente-se que embora a diferença gráfica seja pequena, é preciso ter em conta que, em termos de riqueza produzida, mais ou menos 5% de desemprego em Portugal não é o mesmo que mais ou menos 5% de emprego na Alemanha porque a população ativa nos dois países não é sequer comparável.
E ainda nos querem convencer que estamos numa União Económica e Politica, denominada União Europeia? Mas qual União?
(*) - Numa altura em que o Governo apregoa aos quatro ventos que a taxa de desemprego em Portugal está a diminuir - o que, de acordo com o modelo de cálculo que aplica, é verdade -, deveria tambem divulgar que a taxa de empregabilidade está igualmente a diminuir. Isto é, há menos cidadãos registados nos Centros de Emprego (o que não é o mesmo que desempregados), mas também há, cada dia que passa, menos cidadãos empregados (há menos um milhão que havia em 2010). O que é que aconteceu então a cerca de 600 mil cidadãos que desapareceram das estatísticas do Governo?. Isto não dará dores de cabeça a quem tem a responsabilidade de governar um país? Pelos vistos não, porque "estamos no bom caminho".
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