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quinta-feira, 28 de março de 2013

O "Monstro" da Dívida

Não nos iludamos. Esta dívida é impagável
(clique no gráfico para o ampliar)
 
Os meus pais primeiro e depois a experiência da vida, ensinaram-me que, seja em que circunstância for, devemos sempre honrar os compromissos que assumimos. Mais do que uma questão de honra, é uma questão de seriedade e de honestidade.
 
Esclarecido este ponto, sou daqueles que defendem que se pedimos emprestado temos que pagar. Este principio aplica-se a um particular, a uma empresa ou a um país, que é o caso a que me quero referir, o nosso país, Portugal.
Mas honrar os compromissos enquanto e quando estes são “honráveis” é completamente diferente do que honrar compromissos quando as circunstâncias os remeteram para a impossibilidade de poderem já ser honrados, se nada for feito para contrariar essas mesmas circunstâncias. Quando se chega a esta situação, o que frequentemente acontece é que perante a impossibilidade de conjugar honra com solvabilidade, as pessoas desaparecem ou suicidam-se, as empresas declaram falência ou simplesmente fecham, e os países, ou renegoceiam (reestruturam) a sua dívida, ou declaram  bancarrota e deixam de cumprir com os seus compromissos perante, os seus empregados, fornecedores, e credores.
 
Ora o que sucede neste momento a Portugal é que não tem qualquer possibilidade de pagar a sua dívida, senão vejamos o gráfico acima que foi construído com dados que retirei dos Orçamentos do Estado desde 2003 até 2013 (2013 são extrapolados com muito, mesmo muito, otimismo), que constam no "site" da Direção Geral do Orçamento  http://www.dgo.pt
 
Se atentarmos na linha encarnada, que representa o encargo com a dívida - atenção que não representa a dívida, mas sim aquilo que anualmente temos que pagar por ela em amortização de capital e juros – facilmente concluímos que é a parte de leão da totalidade da despesa total do Estado – linha verde -.
Como o PIB – linha azul – que representa a riqueza produzida no país , em vez de subir está a descer, a conclusão não é difícil de retirar: - Esta dívida é impagável nas condições atuais, porque não produzimos para a pagar, só a pagamos contraindo mais dívida, que é o que tem sido feito até agora, e entramos numa espiral de endividamento, enquanto houver quem nos empreste dinheiro, cada vez mais caro e cada vez mais escasso.
 
Ainda há pouco mais de uma dúzia de meses, estava longe de imaginar que este seria o estado do país, mas face ao agravar das condições económicas, no país e na Europa, neste momento não tenho qualquer dúvida que ou se iniciam rapidamente negociações com vista à reestruturação ou a bancarrota está ali ao voltar da esquina. E não pensava assim há uma dúzia de meses, porque era dos que acreditavam que ainda havia Homens de bom senso em Portugal e na Europa capazes de evitar o pior, mas a atuação desastrada dos nossos Governos e sobretudo a gestão catastrófica da Europa pelos seus dirigentes que estão, uma vez mais, vergados à ditadura económica da Alemanha, conduziram-nos a um beco sem grandes saídas.
A agravar a situação, os nossos Governantes parece que têm horror à palavra reestruturação, mas todos os países, mesmo a Alemanha já o fez, e mais do que uma vez, reestruturam as suas dívidas sempre que isso se revelou necessário. Reestruturar não significa deixar de pagar. Há muitas formas de reestruturar, desde renegociar juros, renegociar prazos, renegociar períodos de carência (períodos em que se suspende o pagamento) de capital ou de juros, troca de divida de curto prazo por dívida de longo prazo, etc. etc.. O limite é mesmo o perdão parcial, tal como já ocorreu com a Grécia.
Algo o nosso Governo terá que fazer se não quiser ficar na história como o cangalheiro de Portugal do Século XXI –já houve outros em séculos anteriores-.
 
Não nos iludamos porque esta dívida ao ponto a que chegou e da forma como chegou é impagável. Há alguns meses atrás chamaram imbecil, a um conhecido politico, com algumas responsabilidades por termos chegado até este estado de coisas, quando ele  disse que “a dívida não se paga, gere-se”. Percebo agora o que ele queria dizer, e acho que tinha toda a razão, deixámos de gerir (negociar) a nossa dívida de forma a podermos continuar a pagá-la, e, se o rumo se mantiver, o destino é o desastre do qual o país não recuperará durante um quarto de século.

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