Boas Vindas

Se é, está, ou foi lixado, seja bem vindo a um blogue P´ralixados. Se não é, não está ou não foi lixado, seja bem vindo na mesma porque, pelo andar da carruagem, mais cedo do que tarde acabará também por se sentir lixado. Um abraço.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Reflexões (1)


(Desenho a lápis de cor, by Alexandra Piteira)
 
Esta semana não me foi possível escrever um "post" para o Blogue.
Mas, para aqueles que o visitam com regularidade, deixo um desenho da Alexandra e uma mensagem para reflexão. (desconheço o autor).
Um abraço.
 
"A vida é como uma moeda. Podemos escolher onde, como e em quê gastá-la. Porém nunca devemos esquecer que só podemos gastá-la uma vez"

 

sábado, 25 de maio de 2013

Levar a Água ao Moinho

 
 
Penso que já não há grande margem para dúvidas que uma das obsessões do atual Governo PSD/CDS, é criar conflitos intergeracionais e interclasses, acirrando novos contra velhos, trabalhadores contra patrões, pobres contra ricos como é demonstrado na muito bem orquestrada propaganda sobre o “peso das pensões de reforma” nas contas do Estado. O objetivo desses conflitos é sempre o mesmo: - a defesa da tese de que no empobrecimento é que está a solução para o país sair do buraco em o meteram.
 
Sub-repticiamente, até há pouco tempo, mas agora já ostensivamente, vemos e lemos, quer nos jornais - alguns com redações inteiras conotadas, instrumentalizadas e reféns do Governo - quer em Blogues que perfilham uma ideologia no mínimo estranha, textos e comentários que mais não são do que estudada propaganda estratégica em defesa das teses do empobrecimento “custe o que custar”, “vivemos acima das possibilidades”, "a Segurança Social é inviável",  “estamos a hipotecar o futuro dos jovens”, "o Estado Social é uma ilusão", etc. etc.
 
Será bom relembrar, sobretudo aos mais jovens que não estejam muito entrosados com a História do século XX, que o regime nazi se instalou na Alemanha exatamente a defender teses muito próximas daquilo que já vamos vendo ser defendido em Portugal pelo Poder instalado. Primeiro vende-se a falsidade que todo um Povo prevaricou (não, não foram eles, os políticos corruptos e o seu séquito de vampiros, fomos nós, o Povo), depois defende-se o castigo do prevaricador (o Povo, claro). Defendido e aceite o castigo, banaliza-se o castigo, humilha-se e empobrece-se o Povo através do confisco de bens e direitos e de dozes maciças de austeridade.
Virá de seguida, sob a capa de um patriotismo bacoco e bafiento (caso dos pins nas lapelas dos governantes, ao bom estilo do Bush) a tese da conspiração contra o regime, “quem não apoia o Governo não é patriota”, e assusta-se e amordaça-se o Povo. O Governo terá assim um Povo pobre, amedrontado e submisso apto a suportar a “filosofia da miséria” que está sendo paulatinamente implementada.
Se alguém ainda tem dúvidas, é só esperar para ver porque quando acabar a farsa começará a tragédia.
 
Aos poucos estes novos liberais, de uma direita sem qualificativo, que se constituiu num Governo de grilos falantes e alguns traidores, com falas bem mais perigosas que as do Estado Novo (que vivi durante 25 anos), vão conseguindo levar a água ao seu moinho.
Há no entanto um pequeno detalhe, no argumento da peça,  que ainda não chegou à boca de cena: - A traição à Pátria é crime consagrado na Lei.
 
 
 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O Flagelo do Desemprego. Que Solução?


(Desempregados: - A Rua como Sala de Espera)
 
Já muito se disse e escreveu e muito mais se irá ainda dizer e escrever sobre o flagelo do desemprego em Portugal e no Mundo. Mas, perante uma tão grande tragédia humana, nunca é demais, e cada vez mais, os cidadãos levantarem, de alguma forma, a sua voz (que vale um voto) contra este estado de degradação social, só comparável à Grande Depressão de 1929/33, a que uma certa tecnocracia de obstinados fanáticos que governam Portugal e a Europa, faz ponto de honra de nos querer conduzir.
 
 
Os Números
 
Os números do desemprego são demolidores, em Portugal e no Mundo. No final de Abril registavam-se os seguintes valores, e todos a aumentarem:
-   1 Milhão em Portugal (440 mil não recebem subsídio de desemprego);
-   6 milhões em Espanha;
- 19 milhões na Zona Euro;
- 26 milhões (mais de 5 vezes a população ativa de Portugal) em toda a União Europeia;
-202 milhões em todo o Mundo.
São números que arrepiam, mesmo sem os 6 zeros à direita. Mas o que arrepia ainda mais é o desemprego entre os jovens, relativamente aos quais a situação é bem mais dramática, sobretudo se pensarmos em termos de perspetiva de vida e de futuro que eles terão para si próprios.
 
Em Portugal 166 mil jovens entre os 15 e os 24 anos estão desempregados. A taxa de desemprego entre eles é de 42%, ou seja, dos 395 mil jovens ativos apenas 229 mil conseguem ter um trabalho remunerado.
 
Mas se avaliarmos o desemprego jovem no Mundo os números são ainda mais impressionantes, e aqui vou colocar os zeros, são 78.000.000 (setenta e oito milhões), número que representa 12,3% da população jovem ativa (população entre os 15 e os 24 anos apta a trabalhar), e com tendência a crescer até 2015 para os 13%.
 
Este nível de desemprego entre os jovens  é uma bomba ao retardador que, mais dia menos dia, vai explodir numa hecatombe de conflitos sociais, sobretudo intergeracionais.
 
 
Porque chegámos a esta situação?
 
Não chegámos a esta situação apenas devido à destruição do tecido económico. Também, mas não só. Chegámos até este estado devido a muitos outros fatores, alguns deles nem sempre devidamente explicados, ou mesmo percecionados, mas que, lenta e progressivamente se foram desenvolvendo em “background” e que agora a crise económica e financeira no Mundo desenvolvido apenas veio evidenciar. Será necessário recuarmos um pouco no tempo para encontrarmos uma explicação com alguma sustentabilidade lógica para este flagelo mundial.
 
A Revolução Industrial (finais do século XVIII) trouxe ao mundo do trabalho a “maquinização” dos sistemas de produção, que, à data, eram fundamentalmente manufaturas. A introdução da máquina (a vapor) no processo produtivo, acaba por substituir o homem e gera milhares de desempregados e convulsões sociais sérias, sobretudo em Inglaterra, na 1ª Fase e em França, na 2ª Fase. No entanto com o embaratecimento dos meios de produção aumenta o consumo e, consequentemente a produção a par da redução drástica dos horários de trabalho - que chegavam a ser de 15 horas por dia e se reduziram para 12, 10 e até 9 horas - acabaram por se criar novos postos de trabalho cujo preenchimento se fez à custa não só dos desempregados, que já não chegavam para a procura, mas a partir das zonas rurais, começando aqui uma transferência de mão de obra da agricultura para a industria e dos campos para a cidades (situação que, com outros contornos, voltamos a ter na atualidade). Até finais do século XX, apesar de algumas convulsões económicas graves no século XIX, a estabilidade acabou por ser sempre conseguida na linha dos princípios da RI (maior produção, produção mais barata, maior consumo, menos horas de trabalho, mais trabalho, mais rendimento) mantendo-se um relativo equilibrio entre o capital e o trabalho e entre a Economia e as Finanças.
 
Porém, com o advento da Revolução Digital do século XX (introdução generalizada de sistemas computorizados como fator de produção) na industria, nos serviços e até na agricultura, começou a gerar-se um novo ciclo de substituição do homem pela máquina em larga escala. Isto é, o trabalho repetitivo em grande quantidade, que empregava milhares de operários e empregados (quantidade) sem grande especialização, porque faziam sempre o mesmo (repetitivo), passou a ser feito por um computador ou por uma máquina computorizada operada por dois ou três funcionários especializados colocando progressivamente, e de novo, milhares de trabalhadores no desemprego. E o caricato da situação, tal como na 1ª fase da RI, é que a história se repete;  mais eficiência, mais rapidez, mais barato mais produção, mais desemprego. Tudo só vantagens proporcionadas pela tecnologia? Depende da perspetiva de cada ator neste gigantesco palco do trabalho. Do ponto de vista do capital, sobretudo daquele que visa apenas o lucro, preferencialmente fácil e imediato, sim, tudo vantagens. Do ponto de vista social e humano, um desastre total que se anunciava há muito.
 
Vejamos alguns exemplos mais conhecidos que eliminaram milhões de postos de trabalho em todo o Mundo:
 
- A robotização das linhas de montagem das fábricas (de automóveis mas não só): - O nome linhas de montagem significa isso mesmo montagem em linha. Hoje é um operário especializado que opera um robot (computador) que assegura o controlo do trabalho de uma linha de montagem anteriormente com dezenas de operários;
 
- Os empregados dos escritórios que asseguravam a elaboração, conferência e expedição da documentação para os fornecedores e clientes foram substituídos por sistemas informáticos (computadores) completamente autónomos;
 
- O tratamento descentralizado, manuscrito ou dactilografado, de dados de vários documentos nossos conhecidos, tais como cheques, letras, faturas, correspondência, estatísticas etc. passou a ser inserido centralmente, de forma maciça (em computadores). Posteriormente, até esta recolha, ainda manual, foi substituída por leitores óticos (computadores) totalmente autónomos;
 
- As equipas de almeidas das cidades foram substituídas por um carrinho-robot que faz tudo, desde varrer, aspirar e limpar as ruas e é pilotado por um único funcionário;
 
- Exemplos destes repetiram-se na industria têxtil, na industria das pescas, e também na agricultura, basta pensarmos quantos postos de trabalho substituiu uma única estampadora, uma única descabeçadora, uma única ceifeira/debulhadora ou mesmo um único trator com a parafernália de alfaias que hoje é possível acoplar-lhe.
 
- Outros exemplos de eliminação de postos de trabalho, mais próximos do nosso dia a dia são a automação das portagens nas autoestradas, das gasolineiras, das caixas dos supermercados, dos cobradores dos autocarros, dos caixas dos bancos e das centrais telfonicas (nestas já nem uma única operadora há). Tudo isto é útil, cómodo e irreversível, mas faltou-lhe a contrapartida social e humanista.
 
Ou seja, as máquinas são desumanas e, com a miragem do lucro pelo lucro, de preferência fácil e imediato, e ao abrigo de chavões como evolução tecnológica, progresso e modernização, racionalização, downgrade, reengenharia de processos, simplificação do trabalho, eliminação de desperdícios, contenção de custos etc. esqueceu-se a função social das empresas e a dignidade humana associada ao trabalho dando-se supremacia à Economia e à Finança. Assim se destruiram primeiro e extinguiram depois, lenta, mas progressivamente, milhares de milhões de postos de trabalho, e em contrapartida não foram criados os expectáveis e apregoados postos de trabalho especializados, nem criadas as prometidas industrias alternativas.
 
Portanto não foram o maior ou menor investimento, nem os salários mais altos ou mais baixos e tão pouco “a crise económico-financeira” que provocaram este flagelo. Tiveram a sua influência sim e terão até precipitado o inevitável, mas não são condição bastante para justificar as taxas que são todos os dias atualizadas em alta por esse Mundo fora.
 
A realidade nua e crua é que na atualidade os postos de trabalho são um bem escasso e há desemprego porque os postos de trabalho foram simplesmente destruídos e extintos, e sem postos de trabalho é óbvio que não pode haver emprego.
 
 
Então e agora! não há solução?
 
Certamente que há solução, aliás tem que haver solução, a não ser que a elite que se apropriou da governação do Mundo pretenda que ele entre em convulsão e se siga uma fase de autodestruição como já vamos vendo em filmes de ficção.
 
No meu limitado e modesto entendimento uma das soluções (haverá outras certamente) passa por revisitar os princípios da Revolução Industrial e pela aplicação ao trabalho da regra do racionamento que se aplica a qualquer produto quando falta no mercado, e que é mais ou menos esta: Quando um produto é escasso, só há uma forma de continuar a faze-lo chegar a todos os consumidores: - Repartindo-o.
 
Tomando em conta apenas o caso português, que está agravado por três anos de recessão económica,  mesmo que ocorra um milagre e a economia “aqueça”, isto é, aumentem as exportações e consequentemente haja mais produção ou até mesmo que o consumo interno regresse a níveis de 2008, não será essa recuperação que fará regressar o pleno emprego, ou pelo menos uma taxa aceitável de desemprego á volta dos 7%. Sei por experiência o quanto difícil é criar um único posto de trabalho. Acontece que o país tem que criar pelo menos 750.0000, e isto é impossível de fazer sem mudar o paradigma do trabalho. E é aqui, na mudança de paradigma, que, no meu entender, tem que estar a solução ou grande parte dela.
 
Uma das coisas que terá que ser feita, e mais cedo do que tarde, é voltar a aplicar os princípios da 1ª Etapa da Revolução Industrial aos horários de trabalho, reduzindo o número de horas efetivas de trabalho (começando por acabar com a exploração de se prolongar as horas de trabalho para além do horário, sem as remunerar). Mas, para não conduzir as empresas à falência, a redução de horas efetivas de trabalho tem obviamente que ter por contrapartida, para quem investiu e paga os salários, o correspondente acerto proporcional da remuneração efetiva. Vejamos um exemplo simples:
 
Consideremos um qualquer trabalhador com 160 horas de trabalho mensais (8/h por dia, num mês de 20 dias úteis) e com um razoável salário mensal de 1.600€;
 
Se houver uma redução de 1 hora por dia no seu horário, passará a trabalhar 140 horas mensais (7 horas por dia, num mês de 20 dias úteis).
 
Mantendo a mesma remuneração horária passará a auferir um salário mensal de 1.400€.
 
Ora o que é que isto dará como resultado:
 
- 1º o Trabalhador passa a ter mais tempo disponível para si;
 
- 2º a empresa para manter o mesmo nível de produção tem que admitir 1 novo trabalhador por cada 7 que já possua ao seu serviço.
 
Números redondos num universo de 4.000.000 de trabalhadores seriam criados diretamente com esta medida cerca de 500.000 postos de trabalho.

Mas perante uma medida destas, que diminui o salário líquido real, dirão licitamente alguns: - e então, eu vou abdicar de 200€ por mês no meu salário para criar postos de trabalho para outros? Convirá relembrar quem assim pensa que, no nosso país, quem ganhava 1.600€ antes de 2008 já abdicou (e à força) de muito mais de 200€ em apenas 4 anos, e se nada for feito para contrariar a ideologia que comanda a Economia Nacional e Mundial, irá progressivamente ter de abdicar de mais e de mais e mais, até estar reduzido a mais um miserável sem salário que vai engrossar as fileiras do desemprego e da indigência. Será bom que todos nos consciencializemos disto.
 
Para já e por enquanto, salvo algumas raras exceções nos meios académicos, ainda sou eu a pensar alto, mas não tardará que um processo semelhante ao que aqui defendo acabe por ter que ser posto em marcha pelos Homens de bom senso (porque, felizmente, ainda os há) que não quererão ver este planeta e os seus habitantes a digladiarem-se até à morte, apenas e só pela sobrevivência, numa sociedade sem valores, sem ética, sem moral e sem futuro. Infelizmente até há quem defenda esta solução (a da eliminação natural das espécies, no caso, da espécie Humana), mas eu não a quero, nem tão pouco nela posso acreditar.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Lá caminhar, caminhamos. Mas para onde?

Imagem com (c) de nancicerqueira.blogspot.pt
 
Numa democracia, além de liberdade de expressão e de associação, além da existência de partidos políticos e de eleições livres, são indispensáveis, porque essenciais, dois inquestionáveis pilares, que se requerem estáveis, robustos e duradouros, para a sustentarem. Reza isto qualquer Constituição de qualquer país digno de se assumir como democrático, e esses pilares são:
 
- A obrigação do Estado de proteger e conservar os direitos, liberdades e garantias dos seus cidadãos;
 
- A obrigação dos cidadãos de cumprirem com os seus deveres perante os Estado.
 
Em Portugal, basta que analisemos o grave risco em que se encontram estes dois pilares para facilmente concluirmos que a democracia se está esvaindo pelas frinchas das portas do atual Poder.
 
Quanto a DIREITOS dos cidadãos, o Governo tem-se encarregue de os alterar, e até eliminar, a seu bel prazer. Vejamos alguns exemplos de direitos básicos dos quais o presente Governo tem feito tábua rasa:
- Direito ao trabalho;
- Direito a um salário;
- Direito à habitação;
- Direito à saúde;
- Direito à reforma;
- Direito à dignidade;
- Manutenção de direitos adquiridos.
Quantos milhões de cidadãos nestes dois últimos anos, não se viram privados ou cerceados de alguns destes direitos, senão mesmo de todos? E em nome de quê? Em nome de uma ideologia que promove a supremacia da Finança sobre a Economia e sobre o Social.
Ora isto é próprio de países com regimes ditatoriais, de esquerda ou de direita, que, consoante lhe dá mais ou menos jeito, decidem, aprovam e aplicam as leis com total desprezo pelo Povo.
 
Quanto a LIBERDADES, mesmo não desistindo de rever a Constituição, nem que seja a martelo, ou pela “porta das traseiras”, ainda se tem coibido de atentar contra elas, pelo menos naquilo que é a essência da Liberdade.
 
Quanto a GARANTIAS, nada, absolutamente nada, hoje está garantido. O que ontem o Estado contratualizou com os cidadãos, hoje altera, amanhã desrespeita e depois de amanhã revoga como lhe dá na real gana. Basta reparar no tenebroso assalto aos reformados, primeiro os da Segurança Social, e agora também aos do Estado, cidadãos que descontaram toda uma vida mais de 35% do seu salário mensal para poderem vir a ter uma velhice menos penosa, e agora estão a ser espoliados em cada anúncio de novas medidas.
 
Quanto a DEVERES dos cidadãos, que tal como os direitos devem ser estáveis, robustos e duradouros, temos o exemplo mais flagrante nos Impostos: - Em dois anos consecutivos aconteceu-nos de tudo:
 
- Fomos esbulhados de um salário a título de não se sabe bem de quê (o que até é inconstitucional);
- No IRS agregaram escalões, e reduziram o seu número, o que implicou um
- Agravamento brutal das taxas de todos os escalões (ver imagem abaixo);
 
Imagem com (c) de www.jn.pt/paginainicial/
(clique na imagem para ampliar)
 
- E pasme-se, criaram uma nova Sobretaxa no IRS e uma nova Taxa a que chamaram Taxa de Solidariedade (para os menos informados, o pagamento de uma Taxa por parte dos cidadãos pressupõe que se recebe algo em troca,  p. ex. um serviço). Ora, como não há serviço nenhum em troca, são dois impostos ilegais.
 
Um Governo de um Estado de Direito que, em nome de uma falácia que chamam de bancarrota, faz estas tropelias, que apelida de “ajustamento” - mas que mais não são do que a prossecução de uma ideologia - estando-se pura e simplesmente nas tintas para o Povo que o elegeu, não é, em lado nenhum do Mundo, um Governo Democrático. É uma associação de bandoleiros que intencionalmente nos querem roubar tudo incluindo a esperança.
 
Ora um Governo, tenha ela a cor que tiver, perfilhe a ideologia que perfilhar, que até a esperança retira aos cidadãos que era pressuposto governar bem e apontar-lhe um futuro, é um Governo que se condena a si ao insucesso e condena  o Povo à iliteracia, à fome e à miséria. Basta revisitar a História. Sempre que um povo perdeu a esperança transformou-se num povo errante, sem rumo e submisso, como bem interessa aos ditadores.
 
A continuarmos assim, a catástrofe é o nosso destino, e a ditadura a nossa estrada e não falta já muito para lá chegarmos, se é que não estamos já nela.
 
Enfim…  lá caminhar, caminhamos... mas caminhamos, a passos largos, para uma tragédia total protagonizada por um bando de fanáticos e malfeitores que a justiça da História se encarregará de julgar, infelizmente já fora de tempo, como quase sempre sucedeu.

sábado, 4 de maio de 2013

Será manha, ou inépcia das Finanças?

(imagem retirada da Internet)
 
Não, não vou falar do sinistro Gaspar. Hoje vou abordar um caso pessoal. Sei que o que vou referir não é inédito, infelizmente, mas é um mau exemplo de um mau Estado que os nossos maus governantes teimam em piorar cada vez mais. O caso passa-se à volta da minha Declaração de IRS referente a 2012.
 
No dia 1 de abril entreguei a declaração de rendimentos de 2012 no Portal das Finanças, via Internet portanto.
 
No dia 6 de Abril, foi dada como aceite e certa, com direito a reembolso, não que este resulte de qualquer benefício fiscal, ou direito a dedução, que são ambos zero, mas porque o Estado me retirou do salário e reteve na fonte, durante todo o 2012, mais do que devia, um valor que agora deveria devolver com juros, tal como cobra com juros aos contribuintes que se atrasam nos pagamentos.
 
Dia 26 recebi, pelo correio, uma Notificação da Autoridade Tributária e Aduaneira (é como agora se chamam "as Finanças") intimamdo-me a no prazo de 15 dias fazer a seguinte prova: "Necessidade de comprovação dos elementos do agregado familiar/afilhados civis" sic.

Como não tenho afilhados a cargo, deduzi que se referiam à minha filha, estudante universitária.
Fotocopiei o seu Cartão de Cidadão e no dia 29 lá fui para a 3ª Repartição de Almada na Costa da Caparica.
 
Cheguei às 8h15m e já havia 26 pessoas na fila, tiritando com um frio de rachar, acentuado por um gélido vento norte.
 
Quando, às 9h00, a porta da Repartição se abriu, a fila tinha mais de 100 pessoas. Digo mais de 100 porque a fila dobrava a esquina da torre norte e o fim não era visível para as contar todas.
 
Entrei e retirei a senha. Senha do tipo B (Rendimentos) e tinha o número B-21.
 
Lá nos tentámos acomodar, mais de 100 almas, num espaço que comporta 50 pessoas sentadas. Mas tudo bem, como estava frio até sabia bem gente apinhada (calor humano é o que todos andamos a precisar) e provavelmente o espaço até está bem dimensionado para o dia a dia normal, e não para a excepção do final do prazo para entrega de IRS. Não sei, porque há algum tempo que não ia "às Finanças".
 
Iniciou-se a chamada no quadro eletrónico, e qual não é o meu espanto que esta é feita pela ordem do tipo de senha e não pela ordem de obtenção da mesma. Ou seja, a pessoa no 50º lugar na fila, que tinha a senha nº 1 do tipo C, foi atendida logo que entrou na Repartição. Eu, que era o nº 27 na fila, mas que tinha a senha 21 do Tipo B, fui atendido 1h15 depois. Vá-se lá entender esta estranha forma de organização cientifica do trabalho no Ministério do Gaspar (afinal sempre acabei por falar nele). Mas tudo bem, há que aguentar porque quem manda não é o contribuinte, é o todo poderoso, omnipotente e omnipresente Estado. O contribuinte é para isso mesmo para contribuir, aguentar e não refilar.
 
Mas o melhor estava para vir, porque quando às 10h15 chegou finalmente a minha vez de ser atendido, a diligente funcionária (que não tem responsabilidade nenhuma na forma como os métodos e processos de trabalho estão organizados no Estado) consultou o Sistema Informático e logo me informou que para fazer a prova requerida, o Cartão de Cidadão da minha filha era insuficiente, o que era preciso mesmo era uma declaração da Universidade em como ela, no ano de 2012, frequentou uma Universidade.
Muito boa esta, o que é que esta informação tem que ver com o descritivo da Notificação? Ainda se lembram qual era? Ora se a funcionária tinha esta informação no Sistema Informático, porque não a colocaram os Serviços da DGCI na Notificação?
 
Nada feito portanto, e assim resolução do assunto ficou para uma segunda "aventura nas Finanças", uma vez que já reuni os documentos requeridos.
 
Cabe aqui e agora, que o texto fica mais sério, questionar quem de direito sobre 3 ou 4 questões:
 
- Porque não informa logo o Fisco na Notificação, o que é, em concreto, preciso apresentar, em vez de se limitar a um texto vago "Necessidade de comprovação dos elementos do agregado familiar/afilhados civis"? O que é que se pode inferir desta frase?
 
- Mesmo não havendo lugar a qualquer benefício fiscal ou dedução de despesas, que é o meu caso, face à “promoção a rico” com que o Gaspar - em função do meu salário de classe média - me honrou distinguir o ano passado (e agravar no corrente até às calendas gregas), porque não se informa o contribuinte que deve, mesmo assim, fazer prova da matricula no ato da entrega do IRS, mesmo que isso não sirva para deduzir coisa nenhuma? É uma validação tão simples de fazer automaticamente (filho maior dependente? Tem que ser estudante. Se é estudante tem que possuir declaração de frequência ou Recibo de Propinas, mesmo que este não sirva para qualquer dedução).
 
- Ou não será este procedimento antes uma técnica propositada, para protelar os reembolsos a quem a máquina do Estado retirou dinheiro a mais do que devia durante um ano? É que sempre que tive pagar, NUNCA fui chamado a apresentar qualquer justificativo. Quase sempre que tive a receber fui convocado, nem que fosse apenas para conferência dos documentos pelo Fisco.
 
- Ou será mesmo inépcia desta desconcertante e complicada engrenagem a que chamamos Fisco, e que se devia era chamar Confisco?