Boas Vindas

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quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Um Deserto Biológico

(Foto da autoria de Ana Teresa, natural de Sobral Magro - Pomares)
- clique para ampliar -

A foto acima, da autoria de Ana Teresa, a residir em Agroal (Pomares), foi tirada nos arredores de Sobral Magro (Pomares) uma das dezenas de aldeias do concelho de Arganil assoladas pelos incêndios de 14, 15 e 16 de deste mês.

A foto mostra apenas uma ínfima parcela do território do concelho que ficou reduzido a cinzas, território que se apresenta com este aspeto de imenso deserto biológico, isto é, sem vida. Se a Arganil somarmos, Oliveira, Papilhosa, Tábua, Penacova, Seia, Lousã (tudo concelhos limítrofes) que ficaram em igual estado de destruição, a dimensão do deserto é de mais de um milhar de km2.
Morreram as árvores e as plantas, mas morreram também as espécies animais, autóctones e migrantes - e as que não morreram, porque conseguiram fugir (não imagino para onde possam ter fugido), não regressarão porque não têm como sobreviver -.
Voltar a ter arborização capaz de assegurar condições para o retorno das aves, das raposas, dos coelhos, dos roedores, enfim de toda uma fauna riquíssima que populava estas belas serranias da Beira Serra, vai demorar perto de uma década.

Conheço bem estes locais, porque neles vivi toda a minha infância, por isso posso assegurar que quem passou toda a vida no meio urbano, e ainda por cima se movimentou nos corredores da burocracia, não pode ter a sensibilidade necessária para conceber planos de recuperação deste desastre natural (natural?) com pés e cabeça. Receio por isso que, se o Estado mantiver as politicas florestais dos últimos 30 anos, daqui a mais 10/12 anos voltemos a ter repetida esta tragédia, pela quarta vez nestas serranias. Espero que o Governo nomeie alguém com provas dadas no terreno para a tarefa gigantesca de planificar a reflorestação e o reordenamento da floresta, para atacar com profissionalismo e eficácia as causas da cíclica tragédia dos incêndios florestais. O que não precisamos, mesmo nada, neste momento, é de mais um burocrata que venha debitar teoria e parir Leis inadequadas à gravidade da situação, ou mesmo inaplicáveis ao caso concreto.


terça-feira, 17 de outubro de 2017

A Lucrativa Indústria dos Incêndios

( Fotos particulares, obtidas no Domimgo 15/10/2017, na aldeia de Soito da Ruiva - Pomares - Arganil por Teresa Neves, e que pode consultar neste link )

Até hoje morreram 102 pessoas nos incêndios florestais deste ano. Há dezenas de feridos, centenas de casas destruídas, centenas de desalojados, muitas empresas eliminadas, muitos postos de trabalho perdidos, culturas devastadas, a sobrevivências de muitas famílias comprometida, anos e anos de trabalho transformados em cinzas. Uma riqueza coletiva imensa que se perdeu, património de todos que se delapidou e a esperança de muitos que morreu.
É uma devastação incompreensível e uma enorme calamidade e calamidade seria mesmo que não tivesse morrido ninguém, porque os danos colaterais a um qualquer incendio são sempre uma calamidade qualquer que seja a sua dimensão, proporção e grau de destruição.
Lamento, pelos que faleceram, pelas famílias e pelos que ficaram, grande parte deles entregues à sua sorte e sem condições para se recomporem.

Acontece que toda a gente (literalmente toda agente – políticos e politiqueiros, jornalistas e jornaleiros, comentadores e comentadeiros, profissionais especializados e especialistas da treta e da má língua, etc.-) com acesso à Comunicação Social, que se está absolutamente nas tintas para as consequências desta catástrofe, e que procura apenas o seu minuto de gloriosa visibilidade num momento em que a tragédia turva a clarividência das pessoas, toda essa gente, dizia eu, rasga as vestes, indignada com esta calamidade, acusando de miríades falhas o Governo, a Ministra, o Secretário de Estado, a Proteção Civil, a GNR e até os Bombeiros, ou seja, acusam e responsabilizam o Estado Português (e até talvez tenham alguma ponta de razão como veremos a seguir, porque o Estado, ou está vesgo ou anda a tentar caçar lebres com fisgas).

Ocorre que, sendo indiscutível que o Estado tem o indubitável dever de zelar pela segurança e bem estar dos seus cidadãos, estes também têm o dever de cuidar daquilo que é seu cumprindo as Leis da República vigentes que obrigam e regulam a limpeza das propriedades urbanas (repito, regulam a limpeza das propriedades urbanas), dever este que basta sairmos do conforto das grandes cidades para a realidade dura e crua do mundo rural, para constatarmos que poucos cidadãos as respeitam, mas deviam. Mas adiante que este não é o tema principal deste texto.

Voltando aos indignados das TVs, das Rádios e dos Jornais, após ver, ouvir e ler tantos cientistas, tantos ignorantes, tantos "especialistas", tantas certezas absolutas e tantas baboseiras, cumpre-me estimular as suas capacidades cognitivas com uma singela pergunta à qual convido a que respondam comigo:

QUEM FATURA COM O COMBATE AOS INCÊNDIOS?

Provavelmente, absortos na vã cruzada contra o Estado (mais contra o Governo, mas enfim, adiante) nunca pensaram em colocar esta pergunta nos palcos mediáticos onde atuam, nem nunca deram grande importância às respostas que à pergunta podem ser formuladas. Então, para ajudar, aqui vão algumas, que eu elenco:

1. - Em primeiro lugar faturam as empresas (obviamente privadas), que alugam – obviamente ao Estado, claro - os meios aéreos, cujo custo de uma única hora de voo de uma única aeronave dava para pagar a minha pensão de reforma de mais de um ano. Já vi tarifas que vão desde 35 a 50 mil Euros/hora (não está mal escrito nem leu mal são 50.000,00€ por hora de operação). Portanto só num incêndio são muitos milhões em faturação. Parece que houve para aí um “intruso” que quis atribuir esta missão à Força Aérea Portuguesa, mas foi “abafado”, claro.

2. – Faturam as empresas que fabricam (ou importam) e vendem - ao Estado, claro - os equipamentos e material de combate aos fogos. Tudo material caríssimo e de desgaste rápido. E, como é conhecido, estas empresas são detidas, na sua maioria, por Chefias ou Direções de Corporações de Bombeiros, ou com eles correlacionados.

3. – Faturam os stands especializados em aquisições e preparação de viaturas de combate a incêndios - significativamente subsidiadas pelo Estado, claro - que asseguram a substituição das que todos os anos se perdem ou deterioram em operação.

4. – Fatura o SIRESP (obviamente uma empresa privada) que fatura - ao Estado - uma significativa renda mensal para assegurar as comunicações entre as forças de segurança e entre os Bombeiros.

5. – Faturam as empresas de Telecomunicações (as comunicações do SIRESP são suportadas pela PT e não são de borla).

6. – Fatura (muito) a Comunicação Social em geral, mas as TVs em particular, que montam autênticos circos mediáticos altamente dramatizados com a repetição, dias seguidos, de imagens dramáticas e chocantes, porque a publicidade passada nos intervalos do circo é muito mais lucrativa, porque além de ser mais cara tem mais audiência.

7. – Faturam as empresas "especializadas" na reconstrução - subsidiada pelo Estado - de imóveis urbanos destruídos ou atingidos pelos incêndios.

8. – Faturam as empresas "especializadas" na reflorestação - paga pelo Estado - das florestas queimadas.

9. – Faturam as IPSS, que encaixam milhões em donativos (caso recente de Pedrogão) e depois não prestam contas a ninguém do dinheiro que receberam.

10. - E convém também não esquecer que os Bombeiros, quando em operação, também faturam.

Neste contexto e tendo em conta que, salvo raríssimas exceções bem identificadas, os incêndios têm por origem mão humana e que o homem não é pirómano por definição, considero-me no legitimo direito de suspeitar que anda por aí muito boa gente a atear incêndios para depois os ir apagar e poder emitir a respetiva fatura para o Estado pagar com o dinheiro dos nossos impostos.

Enquanto o Estado persistir em não entender a quem aproveita o "crime" e que o "crime", neste caso, até compensa, bem pode continuara procurar os "responsáveis" que é o mesmo que procurar agulha em palheiro.



sábado, 14 de outubro de 2017

Ó homem, não bastariam 10 páginas para o acusar?


O "jornalista" Vitor Gonçalves apresentou-se na entrevista de ontem ao Engº José Sócrates com o calhamaço das 4.000 páginas paridas pelo MP na acusação contra Sócrates.

Não lhe terá passado pela tola que se Sócrates fosse o bandido que o MP afirma, bastariam 10 páginas para o acusar?

Ninguém com dois palmos de testa se interroga o porquê de tanto espalhafato?

E que é feito dos "sólidos indícios" que sustentaram a sua prisão em direto e a cores? É que não está lá nenhum.

O Sócrates tocou na ferida quando afirmou "isto nunca foi uma investigação a um crime, foi a perseguição a um alvo" e depois perguntou ao Vitor Gonçalves  se tinha alguma dúvida de que o processo foi concebido pela direita (sic) para atingir um partido, uma ideologia e um Governo. Tem tomates o homem.