Boas Vindas

Se é, está, ou foi lixado, seja bem vindo a um blogue P´ralixados. Se não é, não está ou não foi lixado, seja bem vindo na mesma porque, pelo andar da carruagem, mais cedo do que tarde acabará também por se sentir lixado. Um abraço.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

"No Pasa Nada"


(Imagem cedida por cortesia de "jornalpelicano.com.br")

Esta Europa da atualidade não nos dá nem sossego nem tranquilidade e muito menos esperança num futuro. Já não digo melhor, nem diferente, digo futuro.

Depois da forma irresponsável e mentirosa como lidou com a crise das dívidas soberanas e do autismo que demonstra face às tragédias (já não é só a grega) que se vivem diariamente com os chamados “imigrantes clandestinos” que fogem de África, da Ásia e do Médio Oriente, começa a ser tempo de nos deixarmos de meias tintas e colocar de lado o politicamente correto, para dizer umas quantas verdades que os corredores do poder, cá e em Bruxelas, evitam a todo o custo enfrentar a sério.

Esta questão dos “imigrantes clandestinos” nunca nos foi bem contada e muito menos explicada. E depois de há dois dias um grupo de 2.000 deles ter tentado atravessar a pé o túnel do Canal da Mancha de França para Inglaterra, façanha repetida na noite passada por mais um grupo de 1.500, creio que há muito mais que devamos saber para lá da história que nos fazem chegar. Vejamos:

- “Emigrantes clandestinos” em grupos de milhares? Dois ou três, mesmo uma meia dúzia serão clandestinos, mas grupos de milhares são clandestinos? Se houver uma manifestação de 100 pessoas aparece logo um batalhão de Policias, aqui ou em qualquer lugar da Europa, e 2.000 conseguem chegar ao Túnel, a pé, despercebidos? Creio que estamos perante uma história de "clandestinos" mal contada que interessará a alguém manter assim, mal contada.

- Os governos da maior parte dos países ditos “do ocidente”, nos quais se incluem os Europeus, fomentaram, e alguns participaram, guerras e chacinas em África, na Ásia e no Médio Oriente, para venderem armas, desestabilizarem politicamente os governos locais e destruírem os meios de produção. De seguida apropriaram-se das riquezas naturais desses países e impuseram fantoches “governos amigos” para poderem consumar o saque. Estes países ficaram sempre piores e na penúria. Identifique-se um só que seja que tenha ficado melhor.

- É claro que depois destes desastres só podem fechar os olhos e fingir que “no passa nada” e preferem chamar “imigrantes clandestinos” aos desgraçados dos fugitivos (é isso que eles são) desses Infernos espalhados por aqueles três continentes.

- Mortos uns, salvos outros, chegados que são estes aos países do Sul da Europa (sempre os mesmos países a serem castigados) vem a face obscura do processo. Amontoam-nos em “campos de refugiados”, como se amontoam os animais num curral, e, porque é muita gente para socorrer e alimentar, as autoridades “fecham os olhos” e deixam-nos "fugir" às centenas, que é como quem diz, disseminam-se pelo espaço Europeu, milhares de seres humanos desesperados, sem documentos, sem trabalho, e esfomeados, e nós sabemos a que pode conduzir o desespero.

- No meio destes milhares de desgraçados, que, ao que parece ninguém sabe quantos são (não serão já vários milhões?), devem também vir algumas centenas de extremistas (há sempre gente maluca, chamada de fundamentalista, disposta a tudo) adormecidos, mas que a qualquer momento podem ser “acordados” para espalhar o caos na Europa, e assim retribuírem na mesma moeda o que nós Europeus andamos a fazer aos países deles.

Mas que raio está a acontecer ao Mundo neste Século XXI?


quinta-feira, 23 de julho de 2015

Os Amigos da Onça


(Imagem da Internet)

Uma reflexão rápida sobre o castigo que a Europa (?) está a infligir à Grécia:

A Europa depois de uma maratona de discussões lá conseguiu arranjar 7 mil milhões de Euros para “fazer face a necessidades urgentes da Grécia” (sic).

Desse empréstimo de 7 mil milhões sabem quanto entrou efetivamente na Grécia para injetar no circuito económico e monetário? 5%, ou seja 350 milhões.

Todos os restantes 6,65 mil milhões foram para pagar à “troika” (os mesmos que teoricamente lá colocaram os 7 mil milhões) capital e juros de empréstimos anteriores e que já estavam em incumprimento.

Ou seja, numa operação contabilística de segundos a Grécia ficou a dever mais 7 mil milhões, mas apenas usufrui de 1/20 desse valor.

O mesmo vai suceder com o empréstimo de 80 mil milhões que lhe está a ser imposto. Com amigos destes na Europa a Grécia não necessita de inimigos

Ainda alguém acredita que a crise das dívidas soberanas vai ter um fim airoso?


terça-feira, 14 de julho de 2015

Retomaremos o mesmo filme daqui a 86 mil milhões


(Imagem da Internet)

Durante 5 duros anos de austeridade os Gregos, servis obedientes e obrigados, fizeram tudo o que os iluminados que abancam nas adamascadas cadeiras de Bruxelas lhe mandaram. Tudo em vão.
Dos cerca de 300 mil milhões dos resgates, apenas menos de 1/3 foi para dinamizar a economia. A grande parte foi para pagar dívida com mais dívida, pagar juros da dívida e recapitalizar os Bancos falidos.
Nas duas últimas semanas, os burocratas Europeus e o Governo da Grécia deram ao mundo o espetáculo a que todos assistimos e os Gregos saíram mais uma vez pela porta pequena. Mais dívida, mais austeridade, mais pobreza. Mais do mesmo.

A dívida Grega atingiu um tal valor que todos os Gregos tinham que trabalhar durante dois anos exclusivamente para a poderem pagar. É impagável.

Mas então, tantos iluminados por essa Europa fora e ainda nenhum percebeu que a situação a que a Grécia, Portugal, Itália, Bélgica…. a Europa chegaram não tem solução na austeridade?
Ainda ninguém percebeu que a Europa está ela própria falida? Está “às aranhas” para conseguir arranjar 7 mil milhões para colocar na Grécia imediatamente senão aquilo vira uma guerra civil num barril de pólvora.
Isto não é “rocket science” nem uma questão de prestidigitação. Não é preciso ser economista com nome na praça, expert em ciência politica ou expert noutra treta qualquer. Basta ter 2 neurónios que funcionem para perceber que a solução não passa por colocar dinheiro num país e depois atrofiar, espartilhar, esmagar esse país. 
É simples, já foi experimentado em vários países, na Europa e fora dela, e deu sempre o mesmo resultado, com a agravante de os países da Europa do Euro não terem instrumentos de gestão cambial para poderem desvalorizar a moeda, nem podem fazer orçamentos expansionistas. Sobretudo os mais pobres, estão espartilhados monetária e financeiramente, enquanto que economicamente são largados à sua sorte que o mesmo é dizer que “estão no mato sem cachorro”.

A dura realidade é que depois de 5 anos de austeridade os Gregos estão cada vez mais gregos, mas Portugal não tem motivos para sorrir, porque não está muito melhor, bastará uma rabanada de vento na Grécia para chegar um ciclone a Portugal, tivemos disso um claro exemplo na segunda feira a seguir à votação na Grécia.


sexta-feira, 10 de julho de 2015

A Diferença Entre a Propaganda e a Realidade


(Evolução do rendimento auferido, versus IRS suportado, durante os 5 últimos anos, por uma família (concreta) da classe média alta em Portugal)
- Clique na imagem para ampliar -
- Gráfico by "Pralixados" -

O conceito de classe média (inicialmente designada por nova burguesia), é um conceito capitalista que resultou da consolidação do capitalismo moderno (em vias de implosão, penso eu). 
Surgiu, quase que como um fenómeno da industrialização que motivou a estratificação da sociedade em camadas, camadas se passaram a apelidar de  “Classes Sociais”.
É hoje universalmente reconhecido e aceite que o motor que faz mover qualquer país é a classe média. É o comportamento dela, quer em termos de consumo, quer de poupança, quer de empreendedorismo, quer ainda de força especializada de trabalho, que determina a pujança ou o declínio de um país na geração seguinte. É por isso, e apenas por isso, que, em regra, os Governos dos Estados procuram estimulá-la. 

Estados onde não existe classe média relevante - estados onde só prevalecem ricos, usualmente muito ricos,  e pobres, usualmente muito pobres – são estados paupérrimos e em constantes convulsões socias. Não é preciso fazer grande esforço de análise para enumerarmos, num ápice, algumas dezenas desses Estados pelo Mundo fora.
Paradoxalmente, em Portugal, o Governo em funções não tem feito outra coisa, desde que assumiu o poder, senão atacar e destruir a classe média em geral.
Em Portugal não existem estatísticas conhecidas e credíveis, como existem, por exemplo, no Brasil e nos EUA (* ver nota), que definam o intervalo de rendimentos das famílias que se consideram classe média, e dentro desta, o que é classe média média, classe média alta e classe média baixa. Não há assim números disponíveis que nos permitam “medir” e comparar o quanto destruída foi a classe média em Portugal nestes quatro últimos anos.
Não existem números, mas existem dados concretos de famílias concretas. Umas que viram drasticamente erodida a sua qualidade e nível de vida, outras que se confrontam com a impossibilidade de solver os compromissos assumidos em função dos rendimentos de que dispunham quando os assumiram, e outras ainda que pura e simplesmente engrossaram as fileiras dos pobres e alguns da indigência.
O exemplo real expresso no gráfico acima é o de uma família, classe média alta, constituída por 6 elementos que vivem em casa própria, comprada a crédito, e que possui como único rendimento o dos salários do casal. O casal teve a sorte de nenhum ter sido atingido pelo flagelo do desemprego, mas viram os seus salários reais fortemente reduzidos e o IRS drasticamente aumentado. São ambos quadros superiores de empresas privadas de referência, ela  numa multinacional e ele numa nacional. Os 3 filhos estudam no ensino público, dois na Universidade e um no Secundário. Há também uma avó.
O gráfico, construído com base em documentos oficiais (valores das notas de liquidação do IRS - portanto já expurgados dos encargos com a Segurança Social) que me foram facultados pela família, é elucidativo do terramoto financeiro que arrasou a classe média, em especial a classe média alta à qual o exemplo pertence. No caso concreto desta família, ela perdeu em 3 anos nada mais nada menos do que 42% do rendimento líquido (sem levar em linha de conta o aumento brutal de outros impostos não expressos no gráfico - IMI, IVA, IUC, etc.). Os rendimentos diminuíram 20% enquanto que o IRS aumentou 24%
Dirão alguns, com lógica mas sem razão, que mesmo assim, no meio de toda a devastação que nos assola por todo o lado, esta família se pode dar por muito feliz se comparada com muitos milhares que sobrevivem no limiar da pobreza e mesmo na pobreza absoluta. Pois... no entanto, tal como afirmei no início deste “post”,  há um pequeno pormenor que convirá não desprezarmos: - é que a persistir neste caminho o motor do país vai acabar por parar e Portugal voltará a engrossar a lista dos países subdesenvolvidos, como o era nos anos 40 e 50, anos 50 de cujos finais ainda me lembro.
Este drama é impossível de ser entendido por aqueles que antes da crise já eram ricos,  são ricos durante a crise, e depois da crise continuarão a sê-lo, alguns ainda mais. Poderá custar muito a entender àqueles que tiveram a infelicidade de cair na dependência de ajudas sociais, de parentes ou de amigos, e não será de certeza entendível por aqueles que vivem já na pobreza porque já "estão no fim da linha social" e pior não ficarão, mas esta é a realidade bem conhecida e melhor entendida por todos quantos ainda vivem da força do seu trabalho, que felizmente ainda somos alguns, e que sentiram e sentem na pele a austeridade cega imposta por uma minoria de ideólogos e tecnocratas fanáticos (veja-se o que estão a fazer com a Grécia).

A “outra realidade”, a propaganda, aquela que diariamente nos vendem pelos jornais e pelas televisões, só a compra quem deliberadamente queira e goste de ser enganado.
(* Nota) – Nos EUA (não é um bom exemplo, mas é um que tem regras bem definidas), é considerada como pertencente à classe média a família que reúna o conjunto dos seguintes  6 itens:
- Ter casa própria;
- Ter carro próprio;
- Ter uma reforma assegurada (economias, PPR ou outro);
- Ter economias para pagar os estudos superiores dos filhos (lá pagam-se e são a doer);
- Ter um seguro de saúde ou equiparado (cá temos a Segurança Social);
- Ter capacidade financeira para assegurar férias anuais à família.
O intervalo de rendimento anual de uma família americana, para conseguir este nível de vida, terá de se situar entre os 38.000 e 120.00 USD, dependendo do Estado e da cidade onde resida.


quarta-feira, 8 de julho de 2015

Liberalizar para... Enganar.


(Imagem da Internet)

Ouvi hoje o Ministro do Ambiente Jorge Moreira da Silva (que até nem é dos piores ministros deste Governo de salteadores) apregoar na Assembleia da República, no debate sobre o Estado da Nação, que “…o grande objetivo deste Governo com a liberalização do mercado da eletricidade foi proteger os consumidores…. blá blá blá”.

Como senti na carteira o enorme aumento da eletricidade - e já não incluo neste aumento o IVA sobre o valor da fatura que passou de 13% para 23% - dei-me ao trabalho de comparar a evolução dos preços de apenas um ano. Comparei 2014 com 2015, e os resultados desmentem categoricamente o senhor ministro, senão vejamos:

- Potencia contratada 13,8 KVA (Baixa Tensão);
- Tarifa Normal (monohorária);
- O custo fixo dia aumentou 5,75% (passou de 0,6821€ para 0,7213€);
- O custo do KW aumentou 3,17% (passou de 0,1543€ para 0,1592€).

Se isto de permitir às elétricas aumentarem o preço da eletricidade cinco vezes mais que o aumento da inflação é proteger os consumidores, prefiro não ser protegido, e voltar ao regime regulado.

E assim se vai enganando o pagode que não faz contas e acredita na bondade das aldrabices que o Governo vai contando.


sexta-feira, 3 de julho de 2015

A Grécia frente a uma Europa punitiva


(Imagem da Internet)

Nãos sei se vai ou não vai haver referendo na Grécia no domingo.

Se houver, também não sei se vai vencer o sim, ou vai vencer o não à continuação da submissão da Grécia a uma austeridade punitiva imposta pela "catastrioka" da Europa. (se o meu voto contasse seria NÃO).

Mas, quer haja referendo, quer não haja, quer ganhe o sim ou o não, há uma coisa que os gregos (o Povo Grego) já ganharam:

DIGNIDADE.

Dignidade por não cederem à chantagem dos burocratas, dos contabilistas e mangas de alpaca incompetentes que se apoderaram do Governo da União;

Dignidade por quererem decidir por eles o que a eles respeita;

Dignidade por, perante um cataclismo financeiro e social à vista, o Governo ter decidido pegar o boi pelos cornos, em vez de andar a fazer faenas para enganar o Povo como tem feito o Governo de Portugal;

Dignidade por recordarem aos restantes compatriotas Europeus o cognome, que lhes cabe por direito e por prática, de berço da democracia.

Dignidade por quererem ser livres e quererem livrar-se de uma Europa punitiva, que veste roupagem de solidária e democrática, mas que mais não é do que um bando de tresloucados agiotas.

Força Grécia, atirem os vossos Migueis de Vasconcelos pela janela, já que nós por cá continuamos fieis atentos, venerandos e servidores a um Governo que até a esperança já nos conseguiu roubar e continua na senda desse desígnio até que não reste uma pedra do edifício económico, social e solidário que já foi Portugal.