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sábado, 13 de abril de 2013

Uma Aventura com... Ouro

(Imagem retirada da Internet)

Sempre que a turbulência se instala num país, se apodera de uma moeda forte ou uma bolsa de referência se revela instável, o Ouro (ouro em barra e de pureza 99,99%) tem sido uma opção de refúgio para os investidores, e, seguindo a lei da oferta e da procura, sempre que a procura de ouro aumenta, o seu preço aumenta também.
 
Para os investidores particulares o ouro é comercializado em pequenas barras de onça troy (31,103 gramas) e mais recentemente também em barras de gramas, desde 1 grama a 1 quilograma.
Para os investidores institucionais, p. ex. estados e instituições financeiras, o ouro é comercializado em lingotes de 400 onças troy, quase 12,5 Kg.
 
Ora é destes lingotes que Portugal possui uma das maiores reservas do Mundo de ouro em barra. Estamos em 14º lugar com 382 toneladas o que à cotação atual da onça equivalem a cerca de 15,5 mil milhões de Euros.
Porém atualmente a nossa reserva é já menos de metade do era em 25 de Abril de 1974 que ascendia a 865 toneladas. Desde então os Governos, através do Banco de Portugal, têm procedido a vendas, com vários objetivos, mas quase sempre para equilibrar as Contas do Estado.
 
Ora acontece que no início da década de 90 ocorreu um episódio rocambolesco com uma parte das reservas de ouro do Estado Português à guarda do Banco de Portugal, episódio de que poucos tivémos conhecimento, e que envolveu o Primeiro Ministro e o Governador do Banco de Portugal de então, episódio que se pode resumir assim:
 
O Primeiro-Ministro e o Governador do Banco de Portugal, resolveram dar uma de garimpeiros e jogar ao poker com o ouro do país e vai daí, "depositaram" (mesmo fisicamente) 17 toneladas do dito ouro num sonho de lucros fáceis, prometidos por um especulador Americano de nome Michael R Milken, Presidente Executivo de uma empresa chamada Drexel Trading, uma subsidiária da Drexel Burnham Lambert, em Nova York, que atuava no mercado mundial ao estio da Dª Branca portuguesa.
 
Desse "investimento" de cerca de 685 Milhões de Euros à cotação atual, resultou um desastre financeiro e Portugal só conseguiu reaver uma pequena parcela, já com o Mr. M Milken atrás das grades, acusado de 98 fraudes em março de 1989 (ainda antes do envio do ouro português para a Drexel) e condenado em 1990, pela juíza Kimba M. Wood, a dez anos de prisão, que mais tarde foram reduzidos para 5 e acabou por cumprir dois anos de prisão efetiva e mais seis de Serviço Cívico.
 
O que se recuperou desta aventura acabou por ser insignificante porque foram os “restos” que sobraram depois de distribuído o bolo principal dos activos da Drexel pelos credores locais e depois de abatidos os custos judiciais resultantes de uma ação movida através dos advogados de Wall Street da firma Cadwalader, Wickersham & Taft em nome do Banco de Portugal, e que foi a ação judicial mais cara da história de Portugal, quase 20 milhões de Dólares a valores atuais.
 
Em 9 de Maio de 1990 deu entrada na Assembleia da Republica Portuguesa o Projeto de Resolução Nº 83/V, para que os Deputados da Nação fossem esclarecidos sobre este escândalo, ação que, de acordo com o Regulamento da AR caducou em 3 de Novembro de 1991 porque o PSD nunca viabilizou a sua discussão, e assim o país ficou quase na ignorância do que efetivamente se passou.
 
E agora é que vem a parte interessante da aventura:
 
Pois pasme quem não souber ou não se recordar - o Primeiro-Ministro de então era o Sr. Prof. Dr. Cavaco Silva e o Governador do Banco de Portugal o Sr. Dr. Tavares Moreira, que ainda andam por aí a dizer que os políticos devem ser responsabilizados criminalmente pelos seus atos. Pois… eu também acho que sim, mas sem exceções.
 

1 comentário:

  1. Nunca sabemos da missa, a metade. Mas o que resta do ouro, acredito que ainda acabará por ser incluído no acordo da troika.

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