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segunda-feira, 8 de junho de 2015

Sócrates - Um Homem Realmente Invulgar


(Imagem da Internet)

DECLARAÇÃO
A minha prisão constituiu uma enorme e cruel injustiça. Seis meses sem acusação. Seis meses sem acesso aos autos. Seis meses de um furiosa campanha mediática de denegrimento e de difamação, permitida, se não dirigida, pelo Ministério Público. Seis meses de imputações falsas, absurdas e, pior – infundamentadas, o que significa que o Ministério Público não as poderia nem deveria fazer, por não estarem sustentadas nem em indícios, nem em factos, nem em provas. Seis meses, enfim, de arbítrio e de abuso. 
Aqui chegados, que cada um assuma as suas responsabilidades. A minha prisão foi uma violência exercida injustamente contra mim, mas foi-o de forma unilateral – foi-me imposta. Esse acto contou sempre com o meu protesto e o meu repúdio; nunca com o meu silêncio e muito menos com o meu assentimento. Agora, o Ministério Público propõe prisão domiciliária com vigilância electrónica, que continua a ser prisão, só que necessita do meu acordo. Nunca, em consciência, poderia dá-lo. 
Por outro lado, não posso ignorar – nem pactuar – com aquilo que, hoje, para mim, está diante dos olhos: a prisão preventiva usada para investigar, para despersonalizar, para quebrar, para calar, para obter sabe-se lá que “confissões”. Também não ignoro – nem pactuo – com a utilização da prisão domiciliária com vigilância electrónica como instrumento de suavização, destinado a corrigir erros de forma a parecer que nunca se cometeram. Estas “meias-libertações” não têm outro objetivo que não seja disfarçar o erro original e o sucessivo falhanço: depois de seis meses de prisão, nem factos, nem provas, nem acusação. 
Meditei longamente nesta decisão, no que ela significa de sacrifício pessoal e, principalmente, no sacrifício que representa para a minha família e para os meus amigos, que têm suportado esta inacreditável situação com uma extraordinária coragem. Todavia, o critério de decisão é simples – ela tem que estar de acordo com o respeito que devo a mim próprio e com o respeito que devo aos cargos públicos que exerci. Nas situações mais difíceis há sempre uma escolha. A minha é esta: digo não.

5 comentários:

  1. Uma resposta íntegra que só por si revela a grandeza e integridade inabalável de um um Homem acima de juízos comuns e sobretudo incomensuravelmente acima de juízes vulgares, mesquinhos e vingativos.
    Comparar um PM desta envergadura de carácter, ética e força moral é, intelectualmente, como comparar Péricles a inaugurar o Parténon face a passos a inaugurar casinhas no Portugal dos pequeninos.

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  2. Como é possível que a própria justiça no seu todo esteja refém e subjogada por estes magistrados.Quem os protege nestes seus atropelos e desmandos?

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  3. Custa-me a compreender a credulidade de tantos que defendem o senhor ex-primeiro ministro achando que este é um presos político quando na realidade é um político preso. Os casos suspeitos em que este senhor esteve envolvido são mais que muitos, continuados ao longo do tempo.. Finalmente em Portugal parece um país desenvolvido

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    1. Caro "Anónimo"
      O pensamento é livre, e como tal só tenho é que respeitar o seu, mas está a cair numa contradição.É que "casos suspeitos" como muito bem diz, não passam disso mesmo, suspeitas, e o nosso Código Penal ainda não contempla a pena de prisão para suspeitas. Ou há casos concretos para fazer prova ou então não há prisão. Imagine o senhor que amanhã um Magistrado que não goste de si por qualquer motivo - até uma simples discussão de café - se lembra de suspeitar de si e o "mete dentro". Que achará da acção?

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