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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O Trigo e o Joio

Quando, há cerca de ano e meio, o Sócrates disse numa conferência em Paris que “… as dívidas dos países não são para pagar, mas sim para gerir…”, por cá os partidos do Governo e os seus aliados à esquerda, rasgaram as vestes na praça pública de tão indignados que ficaram. Heresia, fogueira com ele, gritavam uns, prenda-se o homem gritavam outros atiçados pelo Secretário Geral da JSD.

Acontece que, geralmente, as pessoas possuem memória curta e agora passados poucos meses dessa “indignação de falsas virtudes” o Governo do PSD/CDS se confrontou com “um probleminha”: - Nos próximos dois anos iam vencer-se (atingiam a “maturity”), nada mais nada menos do que quase  27 mil milhões de Euros em Dívida Publica Portuguesa, representada por Obrigações do Tesouro (OT´s) e por Bilhetes do Tesouro (BT´s). Mais concretamente 13,475 mil milhões em 2014 e 13,406 mil milhões em 2015.
Pois bem, o que fizeram então os nosso ilustríssimos e seriíssimos governantes que chamaram “charlatão” ao Sócrates? Trataram de seguir a teoria do homem, “gerir a dívida”. Montaram uma Operação de Troca  de Dívida, ou seja trocar os títulos representativos de parte dessa dívida por outros com vencimento respetivamente em 2017 e 2018. O montante “trocado” não foi de desprezar uma vez que montou a 6,6 mil milhões (2,4 mil milhões que se venciam em 2014 e quase 4,2 mil milhões que se venciam em 2015). Nada mais nada menos do que empurraram a dívida com a barriga mais três anos (para 2017 e 2018) para a somarem à que se irá vencer nesses anos e quem vier atrás que feche a porta, ou seja: adiaram a evidência do fracasso e mascararam o desastre que está a ser o “Programa de Ajustamento” uma vez que não iam ter qualquer possibilidade de liquidar estes valores nos próximos dois anos, como os que estiverem no Governo em 2017 e 2108 não terão. O desastre acabará por ocorrer.

Mas esta operação não se fica pela encenação de um passe de mágica que o Governo classifica como "êxito total" (!!!) e "início do regresso aos mercados" (???), é que ela não injetou um cêntimo no capital circulante do país (não houve investidores estrangeiros envolvidos) e aqui é que está a grande falácia da propagandeada operação; A operação foi acertada com os Bancos nacionais e com o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, tutelado pelo Ministro da Lambreta (o tal Instituto que gere os nossos descontos para a SS e assegura o pagamento as nossas reformas e que o Governo diz que está na falência !!!) e foram estas entidades que ficaram com a dívida, ainda por cima quase ao dobro da taxa de juro que os títulos trocados tinham.

Nada como o tempo para separar o trigo do joio e nos revelar a verdade que a bruma da proximidade ofusca.

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