( Fotos particulares, obtidas no Domimgo 15/10/2017, na aldeia de Soito da Ruiva - Pomares - Arganil por Teresa Neves, e que pode consultar neste link )
Até hoje morreram 102 pessoas nos incêndios florestais deste ano. Há
dezenas de feridos, centenas de casas destruídas, centenas de desalojados,
muitas empresas eliminadas, muitos postos de trabalho perdidos, culturas
devastadas, a sobrevivências de muitas famílias comprometida, anos e anos de
trabalho transformados em cinzas. Uma riqueza coletiva imensa que se perdeu,
património de todos que se delapidou e a esperança de muitos que morreu.
É uma devastação incompreensível e uma enorme calamidade e
calamidade seria mesmo que não tivesse morrido ninguém, porque os danos
colaterais a um qualquer incendio são sempre uma calamidade qualquer que seja a
sua dimensão, proporção e grau de destruição.
Lamento, pelos que faleceram, pelas famílias e pelos que
ficaram, grande parte deles entregues à sua sorte e sem condições para se recomporem.
Acontece que toda a gente (literalmente toda agente – políticos
e politiqueiros, jornalistas e jornaleiros, comentadores e comentadeiros, profissionais especializados e especialistas da treta e da má língua, etc.-) com acesso à Comunicação Social, que se está absolutamente nas tintas para as consequências desta catástrofe, e que procura apenas o seu minuto de gloriosa visibilidade num momento em que a tragédia turva a
clarividência das pessoas, toda essa gente, dizia eu, rasga as vestes, indignada com
esta calamidade, acusando de miríades falhas o Governo, a Ministra, o
Secretário de Estado, a Proteção Civil, a GNR e até os Bombeiros, ou seja,
acusam e responsabilizam o Estado Português (e até talvez tenham alguma ponta de
razão como veremos a seguir, porque o Estado, ou está vesgo ou anda a tentar
caçar lebres com fisgas).
Ocorre que, sendo indiscutível que o Estado tem o indubitável
dever de zelar pela segurança e bem estar dos seus cidadãos, estes também têm o
dever de cuidar daquilo que é seu cumprindo as Leis da República vigentes que
obrigam e regulam a limpeza das propriedades urbanas (repito, regulam a limpeza
das propriedades urbanas), dever este que basta sairmos do conforto das grandes
cidades para a realidade dura e crua do mundo rural, para constatarmos que
poucos cidadãos as respeitam, mas deviam. Mas adiante que este não é o tema principal deste
texto.
Voltando aos indignados das TVs, das Rádios e dos Jornais, após ver, ouvir e ler tantos cientistas, tantos ignorantes, tantos "especialistas", tantas certezas absolutas e tantas baboseiras, cumpre-me estimular as suas capacidades cognitivas com uma singela pergunta à qual convido a que
respondam comigo:
QUEM FATURA COM O
COMBATE AOS INCÊNDIOS?
Provavelmente, absortos na vã cruzada contra o Estado (mais
contra o Governo, mas enfim, adiante) nunca pensaram em colocar esta pergunta
nos palcos mediáticos onde atuam, nem nunca deram grande importância às
respostas que à pergunta podem ser formuladas. Então, para ajudar, aqui vão
algumas, que eu elenco:
1. - Em primeiro lugar faturam as empresas (obviamente
privadas), que alugam – obviamente ao Estado, claro - os meios aéreos, cujo custo
de uma única hora de voo de uma única aeronave dava para pagar a minha
pensão de reforma de mais de um ano. Já vi tarifas que vão desde 35 a 50 mil Euros/hora
(não está mal escrito nem leu mal são 50.000,00€ por hora de operação). Portanto só num incêndio são muitos milhões
em faturação. Parece que houve para aí um “intruso” que quis atribuir esta
missão à Força Aérea Portuguesa, mas foi “abafado”, claro.
2. – Faturam as empresas que fabricam (ou importam) e vendem -
ao Estado, claro - os equipamentos e material de combate aos fogos. Tudo
material caríssimo e de desgaste rápido. E, como é conhecido, estas empresas são
detidas, na sua maioria, por Chefias ou Direções de Corporações de Bombeiros,
ou com eles correlacionados.
3. – Faturam os stands especializados em aquisições e preparação
de viaturas de combate a incêndios - significativamente subsidiadas pelo Estado,
claro - que asseguram a substituição das que todos os anos se perdem ou
deterioram em operação.
4. – Fatura o SIRESP (obviamente uma empresa privada) que fatura
- ao Estado - uma significativa renda mensal para assegurar as comunicações
entre as forças de segurança e entre os Bombeiros.
5. – Faturam as empresas de Telecomunicações (as comunicações do
SIRESP são suportadas pela PT e não são de borla).
6. – Fatura (muito) a Comunicação Social em geral, mas as TVs em
particular, que montam autênticos circos mediáticos altamente dramatizados com
a repetição, dias seguidos, de imagens dramáticas e chocantes, porque a
publicidade passada nos intervalos do circo é muito mais lucrativa, porque além
de ser mais cara tem mais audiência.
7. – Faturam as empresas "especializadas" na
reconstrução - subsidiada pelo Estado - de imóveis urbanos destruídos ou
atingidos pelos incêndios.
8. – Faturam as empresas "especializadas" na
reflorestação - paga pelo Estado - das florestas queimadas.
9. – Faturam as IPSS, que encaixam milhões em donativos (caso
recente de Pedrogão) e depois não prestam contas a ninguém do dinheiro que
receberam.
10. - E convém também não esquecer que os Bombeiros, quando em
operação, também faturam.
Neste contexto e tendo em conta que, salvo raríssimas exceções
bem identificadas, os incêndios têm por origem mão humana e que o homem não é
pirómano por definição, considero-me no legitimo
direito de suspeitar que anda por aí muito boa gente a atear incêndios
para depois os ir apagar e poder emitir a respetiva fatura para o Estado pagar
com o dinheiro dos nossos impostos.
Enquanto o Estado persistir em não entender a quem aproveita o
"crime" e que o "crime", neste caso, até compensa, bem pode
continuara procurar os "responsáveis" que é o mesmo que procurar
agulha em palheiro.
e tudo verdade e nao acrescento uma virgula |
ResponderEliminarPois, só se lembram dos madeireiros como se vê para lá
ResponderEliminarda lenha queimada há muitas tetas ligadas ao erário público!
Culpados há muitos.
ResponderEliminarMas responsáveis políticos são poucos.
E sabe-se muito claramente quem.
Só não vê quem não quer ver.
Queimado mais queimado está o José Sócrates, Corvo Negro.
ResponderEliminarVamos apostar um café como o MP ficará muito mais queimado que o Sócrates,pelo menos entre gente séria?
ResponderEliminarChevrolet: não te desejo bom Natal antecipado que eu não sou o José Sócrates nem tudo serás aparentemente o José Maria Ricciardi. Mas, a sério, ou andaste numa viagem longa pela lua ou saíste, finalmente, de um estado catatónico que durou uns longos meses e agora esse processo de recuperação tem de te acordar para a vida porque, quando falas de gente séria, falas do quê e de quem?
ResponderEliminarGente séria é aquela que sabe não se poder condenar ninguém sem prova para além de dúvida razoável. Diga se entendeu. Escuto.
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