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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Os Impostos há 40 anos, e o Retorno para o Cidadão


(Imagem de um recibo de salário de 1974)
- clique na imagem para ampliar -

Em 1974 este salário de 4.000$00 (quatro mil Escudos) era o salário médio de um chefe de família de classe média baixa. Equivaleria, mais ou menos, a um salário de cerca de 1.000€ na atualidade.
Para o trabalhador, as taxas dos Impostos para este salário eram as que estão expressas no Recibo da imagem acima (10% no total).
Na atualidade, para um salário de 1.000€ as taxas são de 23,5% (mais do dobro), como segue:
 - Segurança Social: 11% (aumentou 37,5%);
 - IRS (antigo Imposto Profissional): 12,5% (aumentou 500%).

Não nos podemos esquecer que atualmente a entidade patronal também paga 23,75% sobre os salários dos empregados para a Segurança Social e que em 74 pagava o mesmo que o empregado.
Àh! e agora temos também o IVA, (apesar de ser um imposto indireto sobre os salários) que naquela altura não sobrecarregava o nosso orçamento familiar (havia o pai dele que se chamava Imposto de Transações, mas com taxas quase residuais e insignificantes ao pé das taxas do atual IVA).

Enquanto que há 40 anos um empregado com este salário levava para casa 90% do que o patrão lhe pagava, agora um empregado equiparado leva 76,5%, valor ao qual tem que deduzir as elevadíssimas taxas de IVA, pelo menos 16% em média, em tudo o que compra.

Por este andar, quem cá estiver daqui a mais 40 anos vai voltar a ser remunerado como se remunerava o trabalho na Idade Média: - Trabalhar, de sol a sol, a troco de alimentação e alojamento proporcionados pelo senhor feudal (o dono dos meios de produção), portanto trabalhar sem salário real.

Mas agora ainda há a considerar mais um fator, e não sei mesmo se mais importante que a enormidade de impostos que pagamos: - Os benefícios sociais que tínhamos de retorno dos nossos impostos eram melhores do que os que na atualidade nos proporciona o "Estado Social" que os neoliberais do Governo querem piorar ainda mais. Vou dar exemplos pessoais:

- Em 1973 necessitei de ser submetido a uma cirurgia com alguma complexidade uma vez que envolvia intervenções diretas nos vasos sanguíneos dos membros inferiores. O que precisei então de fazer: - Deslocar-me ao "Posto da Caixa" da minha área de residência, marcar a consulta para o médico da especialidade (sem custos) e em menos de um mês tinha feito um role de análises (gratuitas) e estava a ser operado na Clínica da Reboleira (Amadora), tendo a "Caixa de Previdência" - era assim que se chamava na altura a Segurança Social - tratado de todo o processo burocrático para o internamento. Apenas tive que me apresentar no dia e hora marcada na Clínica. Estive internado 5 dias e tive mais 3 semanas de convalescença. Quanto paguei? Zero, repito, paguei zero (exeto os medicamentos da convalescença que tinham um custo residual para o utente). Atualmente começamos logo a pagar na primeira consulta, pagamos pelas análises, e depois ainda aparece a conta do Hospital, no qual, com alguma sorte fomos admitidos após largos meses de espera.

- Outro exemplo: - No início da década de 70, o Ministro Veiga Simão (que fez uma verdadeira reforma do ensino em Portugal, que devia deixar corado de vergonha o Ministro Crato) instituiu o Ensino Oficial Noturno nos Liceus e em algumas Universidades para quem queria estudar, mas tinha que trabalhar (até aí só havia nas Escolas Técnicas e no ensino particular) benefício de que eu próprio usufruí. Tínhamos à nossa espera, antes de iniciar as aulas, uma Cantina com uma sopa quente, e pagámos uma propina anual simbólica e ainda tínhamos direito a livros gratuitos cedidos pela Instituição. Onde estão hoje estes benefícios? Até o ensino noturno acabou.

- Outro exemplo ainda: - Nesses idos anos 70, poucas pessoas tinham carro próprio (também não tinha a utilidade que tem hoje, era um objeto de lazer) e a maioria das pessoas deslocava-se para o trabalho de transportes públicos, que eram suficientes e regulares, a preços acessíveis e sem filas e acotovelamentos nas paragens. No meu caso pessoal, que trabalhava em Lisboa e morava na Cova da Piedade, bastava-me sair de casa às 8h00 para estar no trabalho às 8h50. 50 minutos, incluindo a travessia de barco. Na atualidade, além do exorbitante aumento do preço dos transportes, apenas podemos ter certezas quanto à hora de saída, a de chegada, quando se chegar logo se vê quantas horas foram.

É caso para perguntar: - Se nessa época os Impostos que eram muito menos "pesados" davam para tudo isto, ainda havia crescimento e Portugal não tinha dívidas ao estrangeiro, onde é que estes salteadores que nos governam metem o dinheiro que nos tiram em impostos?
É que é preciso não esquecer que temos dos mais altos impostos da Europa.


2 comentários:

  1. pois é, já tenho feito essa pergunta muitas vezes: para onda vai tanto dinheiro que eles nos desviam do nosso bolso?

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  2. Amilcar tens tudo muito bem explicado, que tristeza de governo este, ficamos sem nada, bj
    Isabel

    www.tibeu.blogs.sapo.pt

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