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segunda-feira, 6 de abril de 2015

O Flagelo do Desemprego Continua


(Imagem da Internet)

Muito se diz e muito se escreve todos os dias sobre o desemprego em Portugal. Porém, nem tudo se diz nem tudo se escreve. E o pior mesmo é que nem tudo o que se diz e se escreve corresponde à realidade.

De um lado vemos, ouvimos e lemos as posições oficias do Governo que nos “aliviam a preocupação” com a informação de que o desemprego está a baixar desde 2013 (ano em que esteve em 18%), situando-se agora nos 14%.

Se considerarmos Desemprego = Desempregados (cidadãos ativos desempregados e que procuram emprego) esta taxa de 14% (mais décima menos décima) é correta e corresponde mais ou menos a 700.000 cidadãos ativos desempregados (número ligeiramente superior ao de 2011 em que a taxa medida da mesma forma estava nos 12% porque a população ativa era maior).
No entanto, a “posição oficial” esconde propositadamente outros dados que transformam esta questão do desemprego em Portugal num verdadeiro drama desde 2011.

1º dado escondido: - Cerca de 125.000 cidadãos ativos saíram da estatística do desemprego para frequentarem “estágios profissionais”, não remunerados com salário;
2º dado escondido: - Cerca de 360.000 cidadãos ativos saíram da estatística do desemprego porque deixaram de receber subsídio de desemprego e desistiram de procurar trabalho (são os chamados “desempregados desencorajados”.
3º dado escondido: - Cerca de 275.000 cidadãos ativos saíram da estatística do desemprego porque emigraram.
4º dado escondido: - Cerca de 220.000 cidadãos ativos nunca entraram na estatística do desemprego porque praticam o regime do subemprego (fazem biscates em tempo parcial). Este número tem-se mantido  mais ou menos constante desde 2011.

Ora se somarmos estes números obtemos um total de 1.680.000 desempregados efetivos, o que equivale a cerca de 30% da população ativa do país.

Falacioso, dirão alguns “situacionistas”, porque os “biscateiros” e os “emigrantes” não deveriam contar para os cálculos, pois fizeram opções de vida ao enveredarem pela emigração e pelo “biscate”. Embora de veracidade duvidosa (porque se houvesse oferta de emprego os emigrantes não seriam em tal número e os “biscateiros” poderiam exercer a suas profissões por conta de outrem), aceitemos esta critica, e façamos a análise entrando no computo apenas com os cidadãos que verdadeiramente não estão desempregados por opção pessoal - os 700.000 desempregados oficiais, os 125.000 estagiários forçados e os 360.000 “desencorajados” – e chegamos ao pesadelo de 1.185.000, número que equivale a 23% de taxa de desemprego real. Em 2011 este mesmo número era de 15%.

Como dizia o meu avô, há muita maneira de contar a mesma história, dependendo da habilidade do contador e da passividade do ouvinte.


Nota: - Quem quiser recordar o que escrevi sobre o mesmo tema em 2013, clique aqui

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